Enquanto
os moradores de quase todas as grandes cidades brasileiras se afogam em lixo, o
carioca festeja uma limpeza urbana que foge dos padrões convencionais.
Sem
envolver milagres ou ações extraterrestres, as calçadas e praias do Rio de
Janeiro vêm se apresentando cada vez mais limpas. A receita está no Programa
Lixo Zero, implantado pela Prefeitura, em agosto deste ano. Trata-se de
iniciativa que visa diminuir a quantidade de sujeira
nas ruas, conscientizando a população e multando os “sujismundos”. Busca-se
ainda reduzir os gastos com a limpeza pública, avaliados em
quase R$ 100 milhões/mês.
Estimulado por resultados positivos contabilizados
em Nova York, Paris, Tóquio e outras grandes metrópoles mundiais, o prefeito
Eduardo Paes resolveu adotar uma agressiva estratégia de repressão à imundície: multar o cidadão que sujar espaços
públicos. O valor da canetada varia de R$ 157 a R$ 3 mil, conforme o volume do
lixo descartado.
Inicialmente visto
com ceticismo, o programa esta dando certo. O balanço relativo ao primeiro mês
de vigência mostra que mais de duas mil pessoas foram multadas, a maioria por
pequenos resíduos, tipo pontas de cigarro.
Na avaliação da
Companhia Municipal de Limpeza Urbana, a cidade já ficou mais limpa. A quantidade de resíduos no chão diminuiu 50%
no Centro e 46% em Copacabana. Em Ipanema, Leblon, Lagoa, Gávea e Jardim
Botânico a queda foi de 42%.
Em ritmo de evolução,
o programa começou a multar também motoristas e passageiros de veículos.
Qualquer descarte feito pela janela está sendo punido, desde a última quarta-feira
(23/10).
Falando sobre perspectivas
em relação ao comportamento das pessoas no descarte do lixo, Eduardo Paes disse
que “o que a gente espera é que seja uma mudança cultural mesmo. Se não houver
uma participação da sociedade, muito pouco vai poder ser feito”.
Bem sucedido, o
programa tem despertado o interesse de muitas outras prefeituras. Não faltam
prefeitos desejosos de adotar a mesma tática em suas localidades.
O problema é que não
se pode cogitar de limpeza em áreas onde a conservação é tratada com absoluta
indiferença; em que avenidas, ruas e calçadas são quase intransitáveis, devido
à absurda quantidade de buracos, desníveis e outros obstáculos. Moralmente, não
é justo cobrar cidadania de quem não é respeitado em seus direitos, muito menos
retribuído pelos extorsivos impostos que paga.
Para ter êxito, o
Lixo Zero envolve, antes de tudo, um bom acordo com pombos, pardais e outros
pássaros, além das árvores, para que nada despejem no chão. Afora isso, requer
que os locais públicos recebam um mínimo de atenção dos responsáveis pela sua
boa qualidade. Valadares não se
enquadra, pelo menos de momento.
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