domingo, 1 de maio de 2011

DIA SEM LUTRO

            Perguntados sobre o que hoje se comemora, é provável que muitos jovens respondam apenas “o primeiro de maio”.  Alguns, mais “ligados”, dirão que a data marca o “início do mês de Maria, o mês das mães”. Poucos estarão sintonizados no “Dia do Trabalho”.
            Com o passar dos anos, algumas datas vão perdendo o seu brilho. Continuam fazendo parte do calendário, mas não são reverenciadas com o mesmo entusiasmo. Acabam reduzidas a prazerosos feriados, principalmente quando contribuem para um final de semana prolongado. Talvez em razão do advento de uma geração mais pragmática e menos romântica, além de decepcionada.
            No Brasil, o Dia do Trabalho tende a se enquadrar nesse contexto.
            Remotamente marcado por protestos e críticas às forças socioeconômicas dominantes, transformou-se em quermesse, onde nada se vê além de desfiles, shows e outros eventos do gênero. Conseguiram banalizar uma data que por muitos anos assinalou a luta dos trabalhadores pelos seus direitos.
            A explicação estaria na falta de representatividade ou desinteresse das entidades que congregam os trabalhadores, quase sempre comandadas por elementos mais comprometidos com o governo.
            Sem o adequado apoio dessas agremiações, a classe operária tem convivido com a constante ameaça de desemprego, o achatamento salarial, a inflação e outras mazelas que dela tira o sono. Enquanto isso, os falsos líderes deitam e rolam sobre os benefícios que lhes rendem bons cargos e outras mordomias conseguidas nos órgãos oficiais.
            A data tem toda uma história. Surgiu em 1889, em razão da greve geral de 1º de maio de 1886, na cidade americana de Chicago. Naquele dia, milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as desumanas condições a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho. Houve vários confrontos entre polícia e operários, resultando na morte de diversos manifestantes. O episódio paralisou os Estados Unidos e ficou conhecido como a Revolta de Raymarket.
            O primeiro de maio se transformou no Dia Mundial do Trabalho, como homenagem aos mártires daquele acontecimento e ao exemplo que deram para o mundo.
            Lamentável que agora tudo se resuma a um espetáculo de cantorias, pirotecnia e bizarrias. Um circo onde o trabalhador fica em dúvida se está na platéia ou no picadeiro.