domingo, 27 de maio de 2012

FALTA POUCO

            Enquanto Carlinhos Cachoeira colocava nariz de palhaço nos integrantes da CPI a que empresta o nome, o presidente da FIFA Joseph Blatter, com explícita sutileza, voltava a insinuar que as autoridades responsáveis estão merecendo outro pontapé no traseiro, para acelerar as obras da Copa 2014.
            Entre os políticos o episódio não teve maior repercussão. Um adereço a mais ou a menos não mexeria com os brios dos que já fazem graça para o público, no picadeiro em que se transformou o Congresso Nacional. A tristeza é que não são únicos. Afrontada, a Nação se sente tão fantasiada quanto eles.
            No caso da Copa a cantilena é outra. Por envolver interesse mundial, o risco de “furada” não merece perdão.
            O Brasil foi confirmado como país-sede do evento em 30 de outubro de 2007. De lá pra cá transcorreram 55 meses, correspondentes a 70% do tempo que vai até 12 de junho de 2014, início da competição. Faltam, pois, só dois anos para a bola rolar.
            Com a naturalidade de quem anuncia previsão de tempo, o Ministério do Esporte acaba de divulgar que cinco por cento dos empreendimentos previstos estão concluídos. Nada menos de 41% das metas sequer saíram do papel.
            Não sem razão, Blatter voltou a criticar o andamento dos trabalhos, cobrando maior celeridade.
            Segundo ele, os organizadores sabem o que é preciso, “mas não estão fazendo o trabalho no tempo certo”. Alfinetou ainda que os brasileiros “não entenderam que a Copa do Mundo não é apenas para se ter orgulho, mas para se trabalhar”.
            Depois, amenizando, admitiu que vai funcionar. No melhor estilo bate e assopra, até manifestou certeza de que “vão trabalhar o dobro ou mais”.
            Otimista, o governo acredita que as obras estarão tempestivamente concluídas. Perguntado se isso dependeria de milagre, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, não hesitou em dizer que “podemos dispensar o serviço dos santos”.
            Na verdade, falta concluir apenas estádios, portos, aeroportos, infraestrutura, mobilidade urbana e algumas outras bobagens. O resto está pronto.
 Se bem que ainda não há Seleção. Aliás, desconsiderado o Brasil x Dinamarca de ontem, os antecedentes mostram que o Brasil poderá estar na Copa com time não muito chegado a vitórias. É onde mora a ameaça de o torcedor brasileiro também levar um chute no fundilho e ter que encaixar mais uma bolinha vermelha nas ventas!
Aí, relembrando a Copa de 70, pode ser que ninguém segure esse país.