segunda-feira, 15 de agosto de 2011

AUMENTO INDIGESTO

            Os protestos populares estão se mostrando cada vez mais constantes, intensos e contundentes.
            Em várias partes do mundo, grupos se organizam e reagem diante de  ações ou omissões governamentais contrárias a interesses próprios ou comunitários.
            Trabalhadores, estudantes, profissionais liberais, aposentados, homossexuais e outras classes ocupam as ruas para mostrar seus aborrecimentos ou anseios.
            No Brasil, a grande indignação segue motivada pelos vergonhosos escândalos registrados nos altos escalões do governo federal. A qualquer momento a “bomba” pode explodir.
            Não menos revoltante é o aumento do número de vagas para vereadores, que ameaça acontecer. Cerca de oito mil  novos assentos poderão ser criados nos plenários das câmaras municipais de todo o país, a partir das eleições do próximo ano.
            O mestre em Gestão Pública, Will Ferreira Lacerda, entende que “constitui-se em falácia os argumentos de que o aumento no número de vereadores causará aumento de despesa pública”. Isso porque, segundo ele, os repasses de recursos às Casas legislativas não estão atrelados ao número de edis e sim à população domunicípio.
            A questão, entre outras, é que, no final do exercício, algumas câmaras costumam devolver aos cofres municipais sobras dos recursos que a elas foram entregues. Isso, com certeza, dificilmente acontecerá após o inchaço da máquina legislativa. Não havendo elevação no repasse, as câmaras ficarão obrigadas calçar um pé gigante, num sapato de Cinderela. Evidentemente, isso acabará tendo um preço, a ser pago pelo contribuinte.
            O fato é que amaioria dos municípios está assustada e seus cidadãos indignados.
            É o caso de Valadares, onde o número de vereadores poderá passar de quatorze para vinte e um.
           Reagindo de modo até certo ponto surpreendente, a comunidade está mobilizada contra a medida. Meios tradicionais de comunicação, internet, mensagens telefônicas, conversas de péde ouvido, tudo está sendo utilizado com o objetivo de abortar a ideia.
          Recente texto colocado na mídia denuncia que “a cidade está com grandes dificuldades financeiras. Os postos de saúde estão sem médicos, remédios, etc. O Hospital Municipal está com doentes nos corredores. As ruas estão todas esburacadas. A Prefeitura está com milhões de pagamentos em atraso e querem ainda os 14 vereadores aumentar mais ainda as despesas do município”.
           Os articulistas JoséAltino Machado e Helton Geraldo Barros, com a competência de sempre, abordaram o assunto de forma tão abalizada que quase nada se pode acrescentar. Quando muito, reforçar a crença de que os atuais vereadores são suficientemente inteligentes para entender o recado de seus eleitores, lembrando-se de que, na Câmara ou onde quer que seja, importa a qualidade, não a quantidade.