sábado, 31 de dezembro de 2011

BALADA DOS EXCLUÍDOS

            Em meio a tantas confraternizações de fim de ano, não poderia faltar uma que reunisse os ministros defenestrados por Dilma Rousseff. Sem deixar de fora, claro, os auxiliares que com eles “se ferraram”, os empreiteiros comprometidos – que certamente pagariam a conta – e alguns outros comparsas mais chegados. Afinal, já formam uma numerosa confraria, que tende a aumentar. Compreensível, pois, a intenção de tirá-los do ostracismo, promovendo-se um reencontro para matar saudade dos regabofes oficiais a que se acostumaram.
            Essa a empreitada a que teria se dedicado renomada editora. Uma forma de retribuir o farto noticiário que aquela turma produziu durante o ano, turbinando a circulação e o faturamento de sua revista semanal.
            A ideia inicial seria um farto jantar, em luxuosa casa de festas brasiliense, com “jingle bells”, Papai Noel e o tradicional amigo oculto.
           Segundo relato de um “promoter”, que não quis se identificar, nem todos aceitaram o convite.
            O primeiro “tô fora” veio de Nelson Jobim. Com “finesse” gaúcha e sem rodeios, o ex-ministro da Defesa disse que não queria correr o risco de casual encontro com as ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann, nem na Missa do Galo.
           Mais jeitosos, Antonio Palocci e Alfredo Nascimento alegaram compromissos religiosos para não vir. O ex-chefe da Casa Civil argumentou que passaria o período natalino em um mosteiro, agradecendo a Deus e orando pelos amigos – também ocultos – a que deu consultoria e que contribuíram para o robusto aumento de sua fortuna. Na mesma linha, o demitido ministro dos Transportes justificou que estava recolhido e abstêmio. Tudo em retribuição ao milagre que, segundo noticiado, elevou em mais de 85.000% o patrimônio de seu filho Gustavo.
           Com tantas abstenções, o evento foi transferido para a virada do ano. Seria aquele "réveillon", capaz de fazer Dilma Rousseff arrepender-se de haver chutado fundilhos tão importantes e delicados.
           Mas aí foram outros os impossibilitados de comparecer.
           O ex-ministro do Turismo Pedro Novais alegou que estava escalado para comandar um “comes e bebe” num motel em São Luís (MA); tudo por conta da “viúva”. De lá só poderia sair após o apito final, quando já teria papado muita coisa boa. A essa altura, não aguentaria mais nada.
            Ainda inconformado porque seu amor não foi correspondido, Carlos Lupi, ex-comandante do Trabalho, também se disse impedido de marcar presença; não mais conseguia carona em aviões de empresários.
            Inusitada era a situação de Orlando Silva, ex-titular dos Esportes: só poderia curtir o Segundo Tempo da confraternização, depois que o policial militar João Dias, estopim de sua demissão e igualmente convidado, batesse em retirada.      
            Havia a possibilidade de a Polícia Federal, sem convite, dar uma de “penetra”. A vantagem é que alguns poderiam beber à vontade, sem se preocupar com dirigir depois.
            Para tristeza dos disponíveis, a balada foi novamente adiada.
           Não havendo outros contratempos, poderá acontecer daqui a seis meses, talvez em Minas, no castelo do deputado Edmar Moreira. Estima-se que o número de faxinados seja ainda maior, concorrendo para uma bela festança junina. No cardápio, além de fogueiras e batatas quentes, a famosa “quadrilha”, que, para esse grupo, dispensa ensaios; todos são especialistas. Até lá, feliz ano novo!