Violência
urbana, graves acidentes rodoviários, tempestades, inundações, deslizamentos de
terra e outras tristes ocorrências são cada vez mais frequentes, com mortos,
feridos e enormes prejuízos materiais.
A
grande corrida em busca de descanso e distração aumenta o movimento nas
estradas e eleva a concentração de pessoas nas praias, estâncias hidrominerais,
pousadas e outros locais aprazíveis, mas nem sempre seguros.
Acrescente-se
a isso o maior consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas, a imprudência ao
volante, a má conservação das estradas, a fiscalização deficiente, o
desrespeito às normas de segurança e as agressões ao meio ambiente,
ingredientes perfeitos para finais melancólicos.
Parece
ser o tempo em que a natureza e as forças sobrenaturais se unem para um acerto
com os humanos, atraindo-os para situações e locais onde a cobrança é coletiva,
rigorosa e impiedosa. Justos e pecadores são punidos por erros próprios e de
terceiros.
Permanece
na memória nacional, por exemplo, a tragédia acontecida na Região Serrana do
Estado do Rio de Janeiro, no início de 2011. Enorme quantidade de moradores e
turistas ali perdeu a vida, vítima de violenta avalanche que soterrou tudo e
todos que estavam em seu caminho. Os números oficiais, ainda hoje discutíveis, apontam
quase mil mortes e cerca de duzentos desaparecidos, afora milhares de
desabrigados.
Neste ano, até o
momento, a conta está com Minas Gerais e Espírito Santo, onde fortes chuvas e o
Rio Doce colocaram várias cidades em situação de emergência, inclusive
Governador Valadares. Um balanço parcial da calamidade inclui dezenas de mortos
e mais de 60.000 desalojados. Só na cidade mineira de Sardoá, seis pessoas da
mesma família morreram soterradas. São muitos os que pagam alto preço por
ocupar áreas de risco, erro quase sempre imperdoável.
A
maior preocupação, entretanto, são os deslocamentos rodoviários.
Nesta
época o fluxo de veículos amplia consideravelmente e o número de motoristas não
acostumados a estradas aumenta quase na mesma proporção. O resultado está
expresso nos mais de três mil acidentes registrados no último feriado de Natal,
quando o número de mortos ficou acima de duzentos e o de feridos aproximou-se
de mil. Em Minas, a Polícia Militar Rodoviária estima que passe de 55 a
quantidade de vítimas fatais em desastres rodoviários.
De
forma simplista, o governo não titubeou em criar um factóide, atribuindo ao
motorista alcoolizado a maior culpa por esse caos. Nada mais cômodo do que
arranjar um bode expiatório! Flagrado pelo bafômetro, o bebum, além da multa,
pagará o pato pelas estradas obsoletas, esburacadas, mal sinalizadas, sem
adequada fiscalização e congestionadas por uma frota de veículos que cresce
descontroladamente.
Sem
intenção de defender os bêbados do volante, é tempo de compartilhar
responsabilidades. É inconcebível que os agentes da segurança pública
permaneçam livres das penalidades aplicáveis aos que, por ação ou omissão, contribuam
para a ocorrência de tragédias. Devem ser rigorosamente punidos por negligência,
indiferença e desrespeito à vida, tanto quanto os infratores da Lei Seca.
A
estação do lazer está aberta. Viagens de ida e vinda estarão acontecendo, chova
ou faça sol. Tem gente já pensando no carnaval.
Tudo
indica que a coisa permanecerá na base do salve-se quem puder. Fatalidades são
incontroláveis, mas há meios minimizar seus efeitos. Um deles é
conscientizar-se de que o risco existe, por menor que seja. Faça as contas.
Diário do Rio Doce
29.12.2013