A cassação do senador Demóstenes Torres pode
não significar o fim da novela Cachoeira, mas encerra um capítulo emocionante dessa
cada vez mais intrincada trama.
O
episódio envolveu lances e manobras de todos os tipos.
De acordo com o
noticiário, numa última tentativa de se livrar da degola, o político goiano
teria prometido renunciar ao cargo, para assegurar seus direitos políticos.
Seria a forma de deixar aberto o caminho para novas candidaturas. Nesse sentido, recorreu a José Sarney, Renan
Calheiros, Aécio Neves e outros figurões do Senado, ofertando sua cabeça em
troca de perdão.
Na
pratica, Demóstenes se licenciaria do cargo por 120 dias e, na sequência, entregaria
o mandato, desde que os senadores mais influentes não trabalhassem pela sua
cassação. Nesse tempo, ele procuraria os demais colegas para se dizer sem meios
de permanecer na Casa. Finda a licença,
pediria em plenário a absolvição e, conseguindo-a, renunciaria em seguida.
O
esquema não funcionou.
Hospitalizado
em São Paulo, Sarney sequer o recebeu para ouvir a proposta.
Da
parte de Aécio, a negativa teria sido categórica. Explica-se que o senador
mineiro julga-se traído por Demóstenes, que lhe pediu e conseguiu a nomeação de
uma prima para importante cargo na Secretaria de Assistência Social de Uberaba. Ao final, o senador mineiro afirmou que o resultado refletiu a expectativa da
população.
O
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor da representação contra Demóstenes,
disse ter a consciência tranquila e a "sensação de dever cumprido". Em
sua opinião, o ex-senador goiano não enfrentou o processo apenas por ter
mentido em Plenário. "Ele foi julgado também pelo seu comportamento ao
lado de um líder de uma organização criminosa".
Mas
o livro promete ser volumoso, ainda há espaço para muita emoção.
Basta
lembrar que o suplente de Demóstenes, já empossado, é Wilder Morais, ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher de
Carlinhos Cachoeira.
Apesar da coincidência, isso seria irrelevante,
não fossem as presumidas ligações entre ele e o bicheiro Carlinhos Cachoeira,
que, em conversas gravadas, afirma ter sido o responsável pela sua ascensão
política. Coisa difícil de entender!
Afora o aspecto romântico e
novelesco, Morais também se encontra às voltas com a denúncia de que omitiu boa
parte de seus bens na prestação de contas entregue ao Tribunal Superior
Eleitoral.
Os ingredientes são típicos de
folhetim: empresários poderosos, políticos influentes, decapitações, cenários
suntuosos, mulher bonita, triângulo amoroso, tudo temperado por muito dinheiro
e corrupção.
Recomenda-se aguardar os próximos
capítulos. Pelo visto, em Goiás há mais
que duplas sertanejas.