sábado, 14 de julho de 2012

A NOVELA CONTINUA


           A cassação do senador Demóstenes Torres pode não significar o fim da novela Cachoeira, mas encerra um capítulo emocionante dessa cada vez mais intrincada trama.
            O episódio envolveu lances e manobras de todos os tipos.
 De acordo com o noticiário, numa última tentativa de se livrar da degola, o político goiano teria prometido renunciar ao cargo, para assegurar seus direitos políticos. Seria a forma de deixar aberto o caminho para novas candidaturas.  Nesse sentido, recorreu a José Sarney, Renan Calheiros, Aécio Neves e outros figurões do Senado, ofertando sua cabeça em troca de perdão.
            Na pratica, Demóstenes se licenciaria do cargo por 120 dias e, na sequência, entregaria o mandato, desde que os senadores mais influentes não trabalhassem pela sua cassação. Nesse tempo, ele procuraria os demais colegas para se dizer sem meios de  permanecer na Casa. Finda a licença, pediria em plenário a absolvição e, conseguindo-a, renunciaria em seguida.
             O esquema não funcionou.
             Hospitalizado em São Paulo, Sarney sequer o recebeu para ouvir a proposta.
            Da parte de Aécio, a negativa teria sido categórica. Explica-se que o senador mineiro julga-se traído por Demóstenes, que lhe pediu e conseguiu a nomeação de uma prima para importante cargo na Secretaria de Assistência Social de Uberaba.  Ao final, o senador mineiro afirmou que o resultado refletiu a expectativa da população.
  O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor da representação contra Demóstenes, disse ter a consciência tranquila e a "sensação de dever cumprido". Em sua opinião, o ex-senador goiano não enfrentou o processo apenas por ter mentido em Plenário. "Ele foi julgado também pelo seu comportamento ao lado de um líder de uma organização criminosa".
             Mas o livro promete ser volumoso, ainda há espaço para muita emoção.
             Basta lembrar que o suplente de Demóstenes, já empossado, é Wilder Morais, ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher de Carlinhos Cachoeira.
             Apesar da coincidência, isso seria irrelevante, não fossem as presumidas ligações entre ele e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que, em conversas gravadas, afirma ter sido o responsável pela sua ascensão política. Coisa difícil de entender!
             Afora o aspecto romântico e novelesco, Morais também se encontra às voltas com a denúncia de que omitiu boa parte de seus bens na prestação de contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral.
            Os ingredientes são típicos de folhetim: empresários poderosos, políticos influentes, decapitações, cenários suntuosos, mulher bonita, triângulo amoroso, tudo temperado por muito dinheiro e corrupção.
            Recomenda-se aguardar os próximos capítulos. Pelo visto, em Goiás há  mais que duplas sertanejas.