domingo, 29 de maio de 2011

DE MESTRE PARA MESTRE

            O fundamento da homenagem depende de quem a faz e de quem a recebe.
            Não teria sentido, por exemplo, reverenciar a memória de Osama Bin Laden, outorgando-lhe o Nobel da Paz.  Ou entronizar o ex-governador José Roberto Arruda como o mais austero político do Distrito Federal.
            Quando a ação é meritória, ninguém estranha; todos aplaudem e são solidários. Basta ver a unanimidade em torno de tributos a JK, Pelé, Ayrton Sena, Tancredo Neves e outros ídolos de projeção nacional.
            Difícil, entretanto, é valorizar a prata da casa.
Poucos são os que se preocupam em manter a memória dos antepassados, ou em enaltecer os que permanecem lutando pelos interesses locais. Boa parte nada faz para impedir que sejam esquecidos e ignorados, até pelos seus contemporâneos.
O estimado mestre Luiz Alves Lopes, ex-aluno do Colégio Ibituruna e Coordenador do Núcleo de Criminologia da Faculdade de Direito Vale do Rio Doce (Fadivale), acaba de demonstrar que não se inclui entre os omissos.
Em bem estruturado texto que distribuiu a amigos, teve a feliz idéia de homenagear outro mestre. Elegeu Belizário Gonçalves Pereira, notável professor de Português, centrado em verbos, que cativou várias gerações valadarenses.
Luizinho – como é mais conhecido – ancorou-se em boa filosofia, para mostrar que a vida é cheia de valores. “Valores como de nossos mestres e mestras. Alguns que deixaram marcas por suas realizações, ensinamentos, dignidade, caráter, respeito e posições sempre firmes e incontestes”, escreveu ele.
Lembrou que muitos dos que ocupam posições de destaque na comunidade tiveram grandes educadores, entre os quais “notabilizou-se a figura do professor Belizário Gonçalves Pereira, o Beliza Kid, com seus vistosos cabelos grisalhos e farto bigode trazidos de Peçanha”.
Curioso sobre o paradeiro de seu homenageado, consignou que Belizário “fez escola não só na arte de ministrar seus conhecimentos da Língua Portuguesa, com técnica e astúcia que ficaram na memória daqueles que o tiveram como professor, mas devido à sua inegável capacidade criativa e inovadora no seu mister”.
Justa e oportuna, a homenagem está sendo compartilhada por todos os que tiveram a chance de conhecer e se beneficiar dos ensinamentos de mestre Belizário. Além disso, a iniciativa tem o condão de avisar que há vários outros valadarenses ilustres, à espera de reconhecimento.
Enquanto a história local, repleta de páginas em branco, aguarda que o exemplo dado por Luizinho seja amplamente imitado.