Avaliado
com frieza e naturalidade, o produto das urnas foi exatamente o esperado, desde
quando os concorrentes se tornaram conhecidos.
Por
mais que os políticos falem em surpresas e decepções, estava “escrito nas
estrelas” que, no segundo turno, a disputa seria entre Dilma Rousseff e Aécio
Neves. As chances de Eduardo Campos eram mínimas, mesmo sendo ele a terceira
via que poderia sepultar a polarização entre PT e PSDB, há 12 anos impingida
aos brasileiros.
A
campanha transcorria numa malemolência digna de fazer inveja às obras de
transposição do Rio São Francisco.
De
repente, a morte de Eduardo Campos e o consequente surgimento de Marina Silva agitaram
a disputa. Tiveram o efeito de queda de barreira, numa pista até então tranquilamente
transitável. O jeito foi encarar trilhas
tortuosas e acidentadas, próprias para “rally”, que levariam ao mesmo destino, mas
sob condições muito mais difíceis. O planejamento foi pro ralo.
Cheia
de gás, e inflada pela comoção da tragédia acontecida com Campos, Marina
“bombou”, logo na primeira pesquisa em que entrou no páreo. Desbancou Aécio
Neves, e já apareceu como vencedora de um eventual segundo turno.
Tudo
fogo de palha. A candidata seringueira subiu como um foguete e despencou como
um meteoro.
No
frigir dos ovos, prevaleceu a lógica:
Dilma x Aécio; briga de “cachorro grande”.
A
tradicional e decepcionante surpresa está debitada aos institutos de pesquisa.
Por incompetência ou por razões inconfessáveis, eles mais uma vez “pisaram na
bola”, exibindo números irreais. Entre outros equívocos (?!), passaram todo o
tempo mostrando que Dilma mantinha sobre Aécio uma vantagem bem maior do que a finalmente
apurada.
Agora,
limitada a dois os candidatos, a escolha é mais fácil.
Escaldado
das demagogias e inverdades que lhe empurraram goela a baixo no primeiro turno,
o eleitor adquiriu melhor condição de escolher entre a continuidade, personificada
por Dilma, e a renovação, encarnada por Aécio.
As
primeiras pesquisas publicadas nesta nova etapa mostram uma disputa
equilibrada, com viés de crescimento para o candidato mineiro.
Outros
cenários, entretanto, podem e devem surgir.
O
momento é de ficar atento aos lances, em busca de dados que permitam formar
juízo próprio. Lembrando que pesquisa, mesmo quando séria, só acerta quando
erra pouco.
- Jornal de Domingo