FURACÃO
TEMER, O RETORNO
Etelmar
Loureiro
Remover
montanha é moleza; basta ter fé ou recursos adequados. Difícil é reunir o povo na
Esplanada dos Ministérios, em pleno feriado de ano-novo. Justo “naquele”
horário vespertino, sol a pino, em que os “sobreviventes” do réveillon gostariam de estar numa praia, numa
piscina ou mesmo nos braços de Morfeu, curtindo merecida ressaca. Pior para os
“convidados” de alto nível, sujeitos a traje a rigor e maquiagem perfeita, afora
“halls” e óculos escuros, pra esconder o bafo e as olheiras.
Se fosse para
assistir a um show de Lady Gaga, Beyoncé, Madonna, Ivete Sangalo, Paul
MacCartney, Rolling Stones, Roberto Carlos, Jota Quest ou até um “batidão”
sertanejo, ainda daria pra “encarar”. Mas para prestigiar posse de políticos, convenhamos,
é abusar da boa vontade, da ingenuidade e da indolência que, por sorte ou azar,
dominam o povo brasileiro. Uma autêntica “roubada”!
Pois foi exatamente
essa a “grande pedida” no nascer de 2015.
No Brasil, graças a uma
legislação insólita e despropositada, o presidente da República e os governadores
eleitos devem ser empossados no primeiro dia do ano, quando as atenções estão
voltadas para coisas bem mais interessantes. Uma ocasião ruim pra todo mundo, por
coincidir com as festas de virada de ano. Melhor seria uma época que não
sacrificasse outros interesses. Aliás, poucos são os países onde as transições
de mandatos ocorrem nessa data. A regra brasileira precisa ser mudada.
Mas a posse de Dilma
Rousseff aconteceu e foi concorrida. Milhares de simpatizantes vieram de várias
partes do país, em ônibus fretados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) ou por
conta própria, e chegaram a tempo de ver a festa. Embora em menor número do que
em 2011, quando ela sucedeu Lula, seus seguidores lhe foram fiéis. Se não
totalidade, os petistas eram maioria na Esplanada. A oposição diz que eles não se
mobilizaram só pela posse. Teriam vindo também pelo regabofe, afora outros “estímulos”.
O importante, entretanto, é que vieram.
Mas nem tudo
transcorreu conforme esperado.
Pra começar, mesmo
elegante e mantendo a postura de estadista, Dilma não transmitia a felicidade
da vitória. Sem conseguir disfarçar a tensão, parecia caminhar para receber uma
herança indesejável, de alguém que teria feito tudo errado. Demonstrava
inconsciência de que estava sucedendo a si própria.
No discurso de posse,
fria e desmotivada, passou a impressão de estar lendo a ata de uma assembleia
de condomínio. Abusando da imodéstia, insistiu na autopromoção, em autoelogios,
estatísticas e números que nem a todos convenceram ou empolgaram.
Por sorte, lá estava
a vice-primeira-dama Marcela Temer, que mais uma vez roubou a cena e turbinou a
festa.
Dessa vez, ela foi
“poupada” de desfilar em carro aberto, talvez para não se expor ao sol e aos
ventos da Esplanada. Ficou “protegida” em um carrão blindado, com vidros quase opacos.
Cuidados que acabaram contribuindo para que Dilma, a bordo do reluzente Rolls
Royce presidencial, monopolizasse as atenções populares, ao lado de sua também
elegante filha, Paula Rousseff. Mera coincidência!
Na subida da rampa, entretanto, o protocolo
exigiu abertura de foco. Aí, não deu mais pra segurar: explode “furacão”!
Bela e elegante, Marcela
brotou na paisagem, esbanjando charme e simpatia. Num vaporoso vestido cor-de-rosa,
cabelos soltos, ela causou o mesmo frisson que em 2011 fez estremecer a
Esplanada dos Ministérios, quando Dilma assumiu seu primeiro mandato.
Com a discrição que
lhe é típica, a jovem senhora Temer procurou manter-se em segundo plano, quase
sempre na retaguarda do marido, como se fora seu anjo protetor. Implacáveis
refletores, entretanto, a perseguiam.
Marcela pouco se
exibe. Mas, quando isso é inevitável, torna-se a musa do momento. Nessa vida
cheia de surpresas, o tempo tem sido seu grande aliado. Preserva-lhe a beleza e
a simplicidade, enquanto pavimenta o caminho que poderá levá-la a uma posição
mais destacada. Predicados e torcida não lhe faltam.
Uma coisa é certa: aonde Michel for, ela irá atrás, sem
temer!
- Diário do Rio Doce
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