domingo, 11 de janeiro de 2015

FURACÃO TEMER, O RETORNO

FURACÃO TEMER, O RETORNO
Etelmar Loureiro

            Remover montanha é moleza; basta ter fé ou recursos adequados. Difícil é reunir o povo na Esplanada dos Ministérios, em pleno feriado de ano-novo. Justo “naquele” horário vespertino, sol a pino, em que os “sobreviventes” do réveillon gostariam de estar numa praia, numa piscina ou mesmo nos braços de Morfeu, curtindo merecida ressaca. Pior para os “convidados” de alto nível, sujeitos a traje a rigor e maquiagem perfeita, afora “halls” e óculos escuros, pra esconder o bafo e as olheiras.
Se fosse para assistir a um show de Lady Gaga, Beyoncé, Madonna, Ivete Sangalo, Paul MacCartney, Rolling Stones, Roberto Carlos, Jota Quest ou até um “batidão” sertanejo, ainda daria pra “encarar”. Mas para prestigiar posse de políticos, convenhamos, é abusar da boa vontade, da ingenuidade e da indolência que, por sorte ou azar, dominam o povo brasileiro. Uma autêntica “roubada”!
Pois foi exatamente essa a “grande pedida” no nascer de 2015.
No Brasil, graças a uma legislação insólita e despropositada, o presidente da República e os governadores eleitos devem ser empossados no primeiro dia do ano, quando as atenções estão voltadas para coisas bem mais interessantes. Uma ocasião ruim pra todo mundo, por coincidir com as festas de virada de ano. Melhor seria uma época que não sacrificasse outros interesses. Aliás, poucos são os países onde as transições de mandatos ocorrem nessa data. A regra brasileira precisa ser mudada.
Mas a posse de Dilma Rousseff aconteceu e foi concorrida. Milhares de simpatizantes vieram de várias partes do país, em ônibus fretados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) ou por conta própria, e chegaram a tempo de ver a festa. Embora em menor número do que em 2011, quando ela sucedeu Lula, seus seguidores lhe foram fiéis. Se não totalidade, os petistas eram maioria na Esplanada. A oposição diz que eles não se mobilizaram só pela posse. Teriam vindo também pelo regabofe, afora outros “estímulos”. O importante, entretanto, é que vieram.
Mas nem tudo transcorreu conforme esperado.
Pra começar, mesmo elegante e mantendo a postura de estadista, Dilma não transmitia a felicidade da vitória. Sem conseguir disfarçar a tensão, parecia caminhar para receber uma herança indesejável, de alguém que teria feito tudo errado. Demonstrava inconsciência de que estava sucedendo a si própria.
No discurso de posse, fria e desmotivada, passou a impressão de estar lendo a ata de uma assembleia de condomínio. Abusando da imodéstia, insistiu na autopromoção, em autoelogios, estatísticas e números que nem a todos convenceram ou empolgaram.
Por sorte, lá estava a vice-primeira-dama Marcela Temer, que mais uma vez roubou a cena e turbinou a festa.
Dessa vez, ela foi “poupada” de desfilar em carro aberto, talvez para não se expor ao sol e aos ventos da Esplanada. Ficou “protegida” em um carrão blindado, com vidros quase opacos. Cuidados que acabaram contribuindo para que Dilma, a bordo do reluzente Rolls Royce presidencial, monopolizasse as atenções populares, ao lado de sua também elegante filha, Paula Rousseff. Mera coincidência!
 Na subida da rampa, entretanto, o protocolo exigiu abertura de foco. Aí, não deu mais pra segurar: explode “furacão”!
Bela e elegante, Marcela brotou na paisagem, esbanjando charme e simpatia. Num vaporoso vestido cor-de-rosa, cabelos soltos, ela causou o mesmo frisson que em 2011 fez estremecer a Esplanada dos Ministérios, quando Dilma assumiu seu primeiro mandato.
Com a discrição que lhe é típica, a jovem senhora Temer procurou manter-se em segundo plano, quase sempre na retaguarda do marido, como se fora seu anjo protetor. Implacáveis refletores, entretanto, a perseguiam.
Marcela pouco se exibe. Mas, quando isso é inevitável, torna-se a musa do momento. Nessa vida cheia de surpresas, o tempo tem sido seu grande aliado. Preserva-lhe a beleza e a simplicidade, enquanto pavimenta o caminho que poderá levá-la a uma posição mais destacada. Predicados e torcida não lhe faltam.
Uma coisa é certa: aonde Michel for, ela irá atrás, sem temer!


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