Por Etelmar Loureiro
- Diário do Rio Doce - 27.09.2018
Podem
existir outros meios, outros recursos, ou outros fatores também importantes,
mas, na consecução de seus objetivos, a força política é a maior arma de uma
comunidade. Esse poderio não surge por acaso, nem por passe de mágica. Ele se
forma, ao longo do tempo, graças ao idealismo, ao respeito às tradições e ao
espírito de união daqueles que os possuem. É o somatório de virtudes que
caminham lado a lado com o orgulho de fazer parte da comunidade e de saber
valorizar as lideranças locais.
Desde sempre, Governador Valadares carece de
uma representatividade política mais unida, expressiva e vigorosa o bastante para
se impor e brigar com êxito por suas aspirações.
Importantes
conquistas fazem parte de sua história, todas dignas de
aplausos. Muitas, entretanto, deixaram de acontecer, não por
desinteresse ou falta de empenho, mas por insuficiência de prestígio político.
Para início de
conversa, o município não possui uma infraestrutura econômica à altura de suas
necessidades. Por insuficiência de marketing, ou escassez de incentivos capazes
de atrair negócios, faltam empresas, sobretudo as de grande porte, capazes de
gerar receitas e empregos, nas quantidades ideais.
Por outro lado,
impõe-se a concretização de metas que há muito se arrastam nos corredores do
Poder, como é o caso da duplicação da BR-381, ainda longe de ser concluída e
sob a grave ameaça de não chegar a Valadares.
Também emperradas,
encontram-se a plena operacionalização do aeroporto local, a vinda do gasoduto
e a inclusão do município na área da Sudene. Vantagens que agregariam mais dotes
ao perfil empresarial do município, que delas já poderia estar desfrutando, se
contasse com uma força política capaz de remover os entraves burocráticos a que
estão submetidas.
Não seria justo responsabilizar
apenas os homens públicos por esse contexto. Eles podem ser os maiores
culpados, mas não os únicos. Também a comunidade tem muito a ver com isso. Afinal,
é ela que elege seus representantes. Entre eles, forasteiros que, em época de
eleições, se apresentam como defensores dos interesses municipais, prometem
mundos e fundos, usurpam preciosos votos, e depois se mandam, deixando o povo a
ver navios.
A conta sobra para
os políticos “caseiros”, que, fora honrosas exceções, sem grande talento, sem
cacife e sem união, pouco ou nada podem fazer.
O primeiro turno
das eleições acontecerá daqui a 10 dias. Será a nova chance de essa lastimável
situação ser revertida ou, ao menos, minimizada.
Verdade é que o
eleitor se sente cada vez mais desmotivado. Não que esteja de mal com as urnas
ou que tenha abdicado do direito de votar. Mas está exausto de balançar entre o
ruim e o pior, impasse cada vez mais presente nas eleições.
Neste pleito, por
sorte, o valadarense encontra-se numa posição mais confortável. Há bons
candidatos que são da terra, por berço, adoção ou afinidade. Excluídos os
“malas”, sobra muita gente boa. Gente conhecida, tradicional, séria e bem
intencionada. Gente dedicada e batalhadora, que, apesar dos entraves, já
mostrou serviços e pode fazer mais pela cidade.
Se o eleitor quiser
ter uma representação política legítima, robusta e comprometida com os
anseios valadarenses, a receita é prestigiar os “prata-da-casa”. Nada de
dar boa vida a alienígenas oportunistas, que só aparecem na hora de garimpar
votos.
Repaginando o velho
provérbio, poder-se-ia dizer que santos de casa não fazem milagres,
exceto alguns que só eles conseguem fazer. É melhor não duvidar!