domingo, 5 de fevereiro de 2012

PRETENDENTE TRAPALHÃO

      A expectativa de uma reforma ministerial está causando o maior agito
entre os amamentados pelo Poder.
       Quem está com a boca na teta passa a adotar medidas que supõe
austeras e moralizadoras; quer permanecer mamando.
       Especuladores atentos revelam que um ministro já teria ampliado para
três dias a sua jornada semanal de trabalho, forma de demonstrar maior
dedicação ao cargo. Outro, não querendo se expor ao flagrante de
nepotismo, teria dado cartões corporativos, licença remunerada e
despachado para o exterior a cunhada generosa, a prima confidente e o
papagaio fofoqueiro integrantes de sua equipe. Um terceiro alardeou
ter colocado no vinagrete toda licitação sob suspeita, até que termine
a temporada de assepsia.
       Os que não sabem se exibir recorrem ao Santo protetor, aos padrinhos
políticos, às mandingas e aos amuletos. Alguns começaram a usar
escapulários no pescoço e na cintura. Outros não se acanham em colocar
na lapela botons com as imagens de Lula, Sarney ou Hugo Chávez. Sem
falar nos que amarram fitinhas do Senhor do Bonfim no pulso e no
tornozelo. Vale tudo!
       A questão é que os de fora também querem lugar à sombra. Estão se
mexendo para chegar ao seio da “viúva”.
       Tem deputado fazendo cooper e caminhadas matinais em frente ao
Palácio da Alvorada, de short verde, camiseta amarela e tênis azuis.
Espera que seu vigor e patriotismo sejam notados pela Presidente e
confundidos com vontade de trabalhar.
       Entre os senadores, há os que acreditam na possibilidade conquistar a
preferência de Dilma Rousseff, prometendo apoiar o retorno da CPMF, o
congelamento das aposentadorias e o fim do décimo terceiro salário.
       Correndo por fora, um grande empresário, interessado em vestir abadá
de Ministro, teria bolado a fórmula mágica de cair na graça da
Presidente.
       Incumbiu sua secretária de comprar um perfume bem chique que, em
caprichada embalagem, foi encaminhado a Dona Dilma. Uma mensagem
acompanhava o afago, dizendo “com a estima de um aspirante a seu
criado, para perfumá-la na festa da reeleição de Vossa Excelência”.
Tão sutil quanto a declaração de amor do ex-ministro Carlos Lupi.
       Não se sabe se o mimo chegou às mãos da Presidente ou foi
interceptado pela segurança. O fato é que voltou com o mesmo portador.
No verso da dedicatória, um recado curto e grosso: “indicado para
caras de pau; faça bom uso”. A caligrafia era de mulher.
       Fogo amigo ou engano de balconista, o pacote continha uma loção
“after shave” – da melhor qualidade, bom que se diga.
       O equívoco custou ao espirituoso galanteador a exclusão de seu nome
até da lista de candidatos a ministro da Eucaristia. Não era pra
menos!