domingo, 6 de novembro de 2011

SEM ESPAÇO PARA LUTAR

                O simples desejo de estreitar laços de amizade e alavancar o comércio bilateral já justifica que governantes e empresários atravessem fronteiras, em busca de alternativas.
                O contato direto com autoridades e grandes corporações econômicas estrangeiras é fundamental para o estabelecimento de parcerias capazes de satisfazer a interesses recíprocos.
                Salutar em épocas normais, a iniciativa cresce de importância em temporadas de crise. Nesse contexto, todos têm que se virar. Uns em busca de compradores, outros procurando vendedores, ambos à cata de negócios capazes de alavancar a economia e gerar empregos.
                Antenado, o governador de Minas Gerais não dorme no ponto.
                Com pouco mais de seis meses de mandato, fez as malas e se mandou para o Japão, para vender o seu “tutu à mineira”.
                Mal retornou, organizou nova expedição, dessa feita destinada à Índia, com escala na Suíça.
                Como ele próprio disse, “o objetivo é sempre o mesmo: mostrar as oportunidades, os incentivos e as facilidades que Minas Gerais oferece aos investidores para gerar riqueza e empregos aqui, para termos produtos de maior valor agregado em nosso Estado”.
                Em ambas as ocasiões, Anastasia levou consigo vários empresários mineiros, dando-lhes oportunidade de divulgar seus produtos e dialogar com grandes corporações. Só na última viagem, foram mais de sessenta.
                Até aí, tudo bem. Incursões desse tipo normalmente requerem trabalho de equipe, onde governo e classe empresarial se unem em torno de interesses comuns.
                Também é compreensível que, na escolha dos companheiros de viagem, a preferência recaia sobre empresários mais representativos, que mais têm a oferecer.
                Lamentável, em tudo isso, é a ausência de pelo menos um emissário valadarense no grupo.
                Por falta de convite, desinteresse, desinformação ou por qualquer outro motivo, esta cidade continua perdendo ocasiões de mostrar suas qualidades, exibir seu potencial para negócios e assim atrair os investimentos de que tanto necessita. Situação inadmissível.
                As viagens de Anastasia certamente não se encerraram. Ambicioso e irrequieto, ele não vai se acomodar.
                Há chances, pois, de Valadares recuperar o tempo perdido. Basta ligar-se nos acontecimentos, impor seus valores, exigir espaço onde possa lutar por seus anseios e usufruir das oportunidades a que também tem direito.   O que não será difícil, se nossos políticos e empresários assumirem postura condizente com a posição que ocupam e à altura das esperanças de que são depositários.
                Chega de a comunidade ser “prestigiada” apenas em época de eleições.