sábado, 6 de outubro de 2012

DE FRENTE COM A URNA


          Abominadas por uns, ignoradas por outros, mas prestigiadas pela maioria, as eleições continuam sendo o grande ponto de convergência da opinião pública.
É a forma democrática pela qual alguns membros da sociedade são escolhidos para exercerem o poder que lhes é outorgado pelo povo, através do voto.
            Mesmo nos países onde o voto é facultativo, elas mobilizam as atenções populares, envolvendo acirradas disputas.
            No Brasil, se repetem a cada dois anos pares, ora para Presidente, Governadores Deputados e Senadores, ora para Prefeitos e Vereadores. Acontecem no primeiro domingo de outubro e, havendo segundo turno, no último domingo do mês.
            O voto é facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e para os que têm entre 16 e de 18 anos. Para os demais cidadãos é obrigatório.
            A partir do Século XVI, quando aconteceram no país as primeiras eleições, o corpo eleitoral sofreu significativas modificações. A principal seria o voto feminino, admitido a partir de 1932, na Era Vargas, depois de incansáveis lutas pela sua obtenção. Também significativo foi o direito de votar que os maiores de dezesseis anos conquistaram em 1988.
            O grande marco contemporâneo, entretanto, foram as eleições diretas realizadas em 1989, após mais de duas décadas de regime militar, época do sufrágio indireto.
            Em termos de comportamento, o processo político que deságua no referendo popular nem tanto evoluiu. Pelo contrário, parece que retrocedeu em relação às práticas passadas, quando havia um mínimo de coerência e idealismo no modo de agir dos candidatos e seus partidos.
            Nos tempos atuais, ninguém percebe que a atividade política só tem razão de ser se o candidato, no afã de alcançar o poder, demonstrar que pode desenvolver ações voltadas para o interesse público.
            Por isso, chegada a hora do pleito, muitos pensam em votar em branco, anular voto ou simplesmente não comparecer. É a forma de se rebelar contra as promessas enganosas, a incompetência, a falta de idealismo, o fisiologismo, as baixaria e outras excrescências constatadas durante a campanha eleitoral.
            Seria essa a decisão mais sensata, não fosse o risco de transformar-se naquilo que os contraventores da vida pública mais desejam. Na omissão dos que podem julgar se sustenta a vitória dos não merecem, sequer, a chance de concorrer.
            As eleições oferecem preciosa oportunidade de exercer-se a cidadania, e ninguém deve abdicar a esse direito. A legitimidade do processo político só será alcançada com a participação de todos.
            Além disso, segundo o célebre filósofo Platão, “o castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus”. Palavras de sábio!