Qualquer
assunto, mesmo banal, é amplamente explorado, desde que isso traga benefício
próprio e, se possível, leve prejuízo aos adversários.
As
atenções ainda estão voltadas para o buchicho entre Dilma Rousseff e o Banco Santander.
Alguns
inoportunos analistas do Banco resolveram dar uma de “anjos da guarda”. Na base
do “sem querer, querendo”, incorreram na imprudente cautela de dizer aos seus clientes
de alta renda que o eventual sucesso eleitoral da presidente poderia piorar a
economia do país. Segundo a nota por eles distribuída, a subida ou
estabilização de Dilma nas pesquisas provocaria alta de juros, desvalorização
do câmbio e queda na Bolsa. A intenção foi boa, mas esqueceram-se de que
bobagem se fala, mas não se escreve; sobretudo quando a bobagem não é tão
bobagem.
Naturalmente,
Dilma e seu partido se aborreceram com o comentário.
Para
Rui Falcão, presidente do PT, foi um “terrorismo eleitoral”. Indignado, o ex-presidente
Lula, discursando na CUT, falou que o autor do documento “não entende p*
nenhuma de Brasil”, e exigiu sua demissão. A presidente disse ser “inadmissível
para qualquer país” a interferência de integrantes do sistema financeiro no
processo político-eleitoral.
Assustado
com a reação, o Santander apressou-se em pedir desculpas, e divulgou nota
afirmando que o texto distribuído a seus correntistas “não reflete, de forma
alguma, o posicionamento da instituição”.
Tolerante
e compreensiva, Dilma considerou que “esse pedido de desculpas foi bastante
protocolar”. Para ela não adiantam arrependimentos formais. Os “pecadores”
terão que ser costurados na boca do sapo.
A
opinião pública, entretanto, entende que os analistas do Santander apenas retrataram
uma realidade de mercado, há muito percebida. Também acha inconcebível que o
governo pressione uma empresa privada, cerceando seu direito de opinar sobre a
situação econômica do país. Ainda mais quando se trata de um Banco, que tem por
dever orientar sua clientela quanto à melhor e mais segura forma de aplicar
seus capitais.
Pelo
sim, pelo não, o Santander tornou público que já demitiu o funcionário redator do
malfadado documento.
Mas
o “affair” Santander/Dilma não termina nisso.
Na
mesma ocasião, em sabatina a que foi submetida pelo UOL e outros órgãos da
mídia, a presidente revelou que guarda “em casa” cerca de R$ 150 mil. Foi o
bastante para que outro “esperto” captador do Santander ligasse diretamente
para ela, perguntando:
- Vossa Excelência
não gostaria de aplicar conosco essa modesta quantia?!
Conta-se que o
bancário, ufanista nato, desses que comemoram até martelada no dedo e cabeçada
em quina de janela, ficou extremamente lisonjeado com a resposta recebida.
Tanto assim que já comprou um GPS, para ver se encontra o local para onde foi
direcionado. E vai feliz.