Esse
estado de espírito vem se desfazendo, à medida que as atenções são desviadas
para fatos supervenientes, sejam eles bons ou ruins.
A
queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines, matando quase 300 pessoas, é um exemplo.
Também servem de amostras as mortes João Ubaldo Brasileiro (18/07) e Ariano
Suassuna (23/07), dois conhecidos e aclamados escritores nacionais.
A
própria CBF tentou sepultar o passado, demitindo Felipão, Parreira e quase todo
o restante da Comissão Técnica responsável pelo veHEXAme. Falando em renovar,
ressuscitou Dunga como novo técnico da Seleção, algo tipo confiar a Sarney a
modernização da política brasileira.
Em
termos nacionais, entretanto, embora muito abaixo do esperado, a política é o fator
que mais tem contribuído para mudar o foco das atenções.
Apesar
da apatia e desinteresse com que o brasileiro está encarando o assunto, repetidas
pesquisas eleitorais têm conseguido provocar alguma expectativa em torno do
próximo pleito. Além disso, os candidatos já abusam do “direito” de perturbar. Sem
desconfiômetro, invadem os meios de comunicação, sobretudo a internet, para insistir
numa conversa mole que acaba ocupando a mente popular. Isso também concorre
para diluir as lembranças do Mundial.
O
valadarense, por sua vez, não pode reclamar. Sobram-lhe motivos para levantar-se,
sacudir a poeira e dar a volta por cima.
Assim
que terminou a Copa, recebeu a notícia de que teve início a duplicação da
BR-381, a conhecida Rodovia da Morte, obra pela qual Valadares e o país
aguardam ansiosamente, há vários anos.
Ainda que, de início,
apenas melhorias de pista estejam previstas para o trecho entre Valadares e
Belo Oriente, há esperança de que também esse pedaço seja duplicado, baseada em
promessa da presidente Dilma Rousseff. Só o tempo dirá se a jura será cumprida.
Simultaneamente,
anunciou-se que o novo trem de passageiros da Vale começará a circular, a
partir do próximo dia 05.
Mais luxuosa,
confortável e segura, a composição fará a ligação de Belo Horizonte(MG) a
Vitória(ES), num percurso superior a 600 km, com duração de 13 horas.
Ao todo, foram
adquiridos 56 novos carros, todos equipados com ar condicionado. Os de classe
econômica comportam 75 passageiros, enquanto os de classe executiva oferecem 57
lugares. Entre outros melhoramentos, as poltronas foram automatizadas para
realizar reclinação e ganharam apoio para os pés.
Consta
que na renovação dos vagões, fabricados na Romênia, a Vale investiu cerca de US$
80 milhões.
Em
compensação, conforme disse o maquinista Adelermínio Rodrigues, responsável por
conduzir o novo comboio, “Antes era como se eu pilotasse um Fusca, agora estou
com uma Ferrari”.
Melhor
ainda seria a Vale acatar a sugestão que lhe foi encaminhada por políticos
locais, no sentido de que seja instalada uma linha noturna para o transporte de
passageiros, no mesmo trecho.
Aí,
mesmo que o Brasil permaneça jogando mal, até a Branca de Neve se resignaria com
a volta de Dunga.
- Jornal de Domingo
- Diário do Rio Doce