sábado, 14 de dezembro de 2013

SEIOS SEM MÁSCARAS


         As megamanifestações de junho traçaram um marco divisório na história do Brasil. A partir de então, o país inseriu-se no seleto grupo de pacatas nações tipo Síria, Egito, Iraque, Afeganistão e outras, onde as coisas só se conseguem na base de comportados protestos..., quando se conseguem.
Tudo acontecia em clima de normalidade, até que grupos de arruaceiros se infiltraram e passaram a cometer todo tipo de vandalismo. Irresponsáveis, criaram um clima de guerra, destruindo patrimônio público, depredando e incendiando veículos, lojas e agências bancárias, afora outras selvagerias. As manifestações, que se propunham ser ordeiras e civilizadas, acabaram em violentos confrontos
A grande preocupação desses baderneiros, apelidados de “black blocs”, tem sido a camuflagem.  Cobrem o rosto com camisas, gorros, máscaras e outros adereços que dificultem ou até impeçam a identificação. Sua ação nefasta e criminosa fez surgir, no Rio de Janeiro, uma lei que proíbe o uso de máscaras em protestos de rua, sejam elas de Zorro, Batman, Joaquim Barbosa, Papa Francisco, Lula, Sarney ou quem quer que seja. Protestar, só de cara limpa.
Mas a natureza humana abriga caprichos e contradições. Enquanto uns se escondem para protestar, outros protestam pelo direito de se mostrar.
No próximo sábado, 21, início da estação mais quente do ano, um "Toplessaço" deverá acontecer na orla carioca de Ipanema, em defesa da “naturalização dos corpos”. Será um topless coletivo, bolado pela atriz e produtora Ana Rios. A idéia surgiu enquanto ela participava da Marcha das Vadias, em julho último, junto com a amiga Bruna Oliveira. Durante a marcha, ambas usavam sutiãs e outras integrantes faziam topless. Aborrecidas com a repressão, decidiram promover um “Toplessaço”, prevendo-o para o primeiro dia de verão.
O plano ganhou força após a notícia de que a atriz Cristina Flores foi repreendida por policiais militares, na Praia do Arpoador (14/11), quando era fotografada sem a parte superior do biquíni.
No entender de Ana, o moralismo e o machismo são os culpados pelo espanto que o topless ainda provoca nos brasileiros. "A mulher é vista como propriedade ou objeto a ser desejado. A gente tem muita dificuldade de ser só pessoa. Acaba que os hábitos são todos só baseados nisso. [O topless] é uma coisa que já se estabeleceu no mundo. A gente não conseguiu isso no Brasil. A gente tem o culto ao corpo, mas não tem uma aceitação dos corpos como eles são", disse ela.
Divulgado no Facebook, o plano ganhou o país. Segundo Ana, manifestações semelhantes estão sendo preparadas em inúmeras outras cidades. As promessas de adesão já estão acima de 10 mil pessoas. Aposta-se em sucesso total.
A questão é indiscutível. Negar à mulher o direito de exibir o busto seria uma decisão ingrata, hipócrita e discriminatória, pra dizer o mínimo. Se o homem pode fazê-lo, por que não a mulher? E não faltam machões com mamas até mais salientes que as do belo sexo. 
Importante levar em conta, entretanto, que, os seios sempre despertaram curiosidade e desejo, sobretudo quando sensualmente guardados. Nada tão excitante quanto aquele “um pouco de você” escondido em um ousado decote ou naquela “blusa que você usava e meio confusa desabotoava” – que o diga Roberto Carlos!
Desnudos e exibidos sem pudor, podem perder o encanto, o enigma e o poder de sedução que já valorizaram outros atributos femininos hoje vulgarizados. Compensa arriscar?

- Diário do Rio Doce
- Jornal de Domingo

COMENTÁRIOS


Flatônio
23:53 (5 minutos atrás)
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para mim
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Parabéns, companheiro, você hoje se superou: a crônica está uma delícia.
Pra você e a Marlene um bom domingo.
Abraço amigo do
Flatônio