segunda-feira, 8 de agosto de 2011

COLCHA DE RETALHOS


            Até aliados estão preocupados com as constantes substituições e revezamentos registrados no alto escalão da administração federal.
            O que mais tem causado apreensão é o fato de essas movimentações envolverem figuras que participaram ativamente do planejamento governamental. Nas suas áreas, eram tidas como “imexíveis” e indispensáveis para o alcance das metas estabelecidas.
            Com pouco mais de seis meses no cargo, o primeiro a sair foi Antonio Palocci, denunciado por surpreendente evolução patrimonial. Era o braço direito da Presidente, espécie de primeiro-ministro pelo qual passavam as mais importantes decisões do Planalto. Para substituí-lo, veio a pouco conhecida senadora Gleisi Hoffmann.
            Na mesma ocasião, Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, que não satisfazia como Secretário de Relações Institucionais, trocou de lugar com Ideli Salvatti, Ministra da Pesca.
            Mal refeita do impacto dessas alterações, Dilma teve de se livrar de Alfredo Nascimento, titular do Ministério dos Transportes, desde o governo anterior. Nascimento vinha sendo responsabilizado por superfaturamento em obras e outras irregularidades denunciadas pela imprensa. Com sua saída, instalou-se no órgão a operação “faxina”, que já acarretou cerca de 20 demissões, inclusive do diretor-geral do DNIT.
            A última baixa aconteceu no Ministério da Defesa, onde Nelson Jobim, outro nome de peso, caiu por supostas inconfidências. Além de revelar que “eu votei no Serra em 2010”, disse que Ideli Salvatti é “fraquinha” e a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann “nem sequer conhece Brasília”. Em seu lugar entra  Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores que não deixou saudade.
            Segundo Marco Maia (PT/RS), presidente da Câmara, com as recentes mudanças ministeriais Dilma sinalizou que “não será conivente com a malversação de dinheiro público”. Mostrou também que “não se pode ser tolerante com quem desagregue a equipe”.
            Substituições e trocas de comando fazem parte da rotina de qualquer administração. Mas é incomum a frequência e intensidade com que se deram, em apenas oito meses de governo.
            Justificativas à parte, a equipe palaciana vai se transformando numa colcha de retalhos. Notáveis estão cedendo lugar a “reservas” que nem estavam no banco, tampouco demonstram possuir maior experiência e bagagem para levar a bom termo sua missão.
            Nada indica que a temporada de mudanças esteja encerrada. Mas cautela e caldo de galinha nunca estiveram tão em alta.