Se alguém
duvidava da coragem e da disposição de enfrentamento do ministro Joaquim
Barbosa, essa dúvida acabou no último dia 8, durante a reunião que ele manteve
com os dirigentes da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação
dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados
da Justiça do Trabalho (Anamatra).
O primeiro sinal
de que o homem é bravo foi dado logo no início do encontro, quando os juízes
disseram trazer propostas para fortalecimento do Estado Democrático de Direito.
Sem hesitar, o presidente do Supremo Tribunal Federal repeliu: "o senhor
acha que o Estado (Democrático) de Direito no Brasil está enfraquecido? Temos
seguramente a democracia mais sólida da América Latina. Me causa estranheza
pedido para que não haja enfraquecimento".
Outra pregada aconteceu
no momento em que Barbosa
criticou a tática de usar os meios de comunicação para atacá-lo. "Quando
tiverem algo a acrescentar, antes de irem à imprensa, dirijam documento à minha
assessoria, não vão primeiro à imprensa para criar clima desagradável", declarou
ele, acrescentando que as associações "não podem fazer só o que interessa
à classe, mas o que interessa a todo o País".
O clima ficou mais tenso
quando a conversa descambou para a criação de quatro novos tribunais federais
no Brasil, projeto do qual a Ajufe foi a grande articuladora. Sem meias
palavras, Barbosa declarou que as entidades agiram de forma “sorrateira” ao
apoiar a aprovação da medida pelo Congresso Nacional. Para ele, o Legislativo
foi induzido a erro, pois nenhum órgão do Estado foi ouvido e não houve estudo
sério sobre o impacto financeiro da medida, algo em torno de R$ 8 bilhões. Em
tom de ironia, alfinetou que os novos tribunais servirão para dar mais empregos
aos advogados e que suas sedes seriam instaladas "em resorts, à beira de
alguma praia”, pois não terão qualquer utilidade para o país.
Durante acalorado
bate-boca, Barbosa chegou a impor que o representante da Ajufe abaixasse o tom
de voz e só falasse quando autorizado.
A reação dessas
associações foi incontinenti. No dia seguinte, divulgaram nota acusando ministro
de se comportar de forma "desrespeitosa, premeditadamente agressiva,
grosseira e inadequada para o cargo que ocupa". Receberam a solidariedade
da OAB, que, em outra nota, chamou de “impertinentes e ofensivas” as palavras do
magistrado.
De modo geral, entretanto,
a sociedade gostou do Barbozão. As redes sociais foram tomadas por manifestações
de apoio e aplausos à sua postura.
Este é um país onde diplomacia,
polidez, tolerância e boas maneiras não têm bastado para inibir as ações
nefastas perpetradas contra o povo. É bom, pois, ver alguém procurando colocar
ordem na casa, mesmo na base da pancada. Há erros que só se corrigem dessa
forma.
O ministro Joaquim
Barbosa até pode estar escrevendo certo, por linhas tortas. Mas todos o leem,
com muita atenção. Ai de quem não o fizer!