domingo, 2 de fevereiro de 2014

TRÃNSITO LOUCO

            Segundo um consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS), os traumas relacionados com a violência e os acidentes de trânsito constituem hoje um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. As estatísticas mostram números assustadores, e a tendência é de agravamento.
            Na previsão da OMS, em 2015, essas ocorrências serão a terceira maior causa de morte, ultrapassando as guerras e as várias doenças para as quais ainda não há esperança de cura.
            As autoridades brasileiras, sempre que se manifestam sobre o assunto, não hesitam em apontar os motoristas alcoolizados como os grandes vilões da história. Poucos têm a coragem de assumir que a situação decorre também – talvez em maior proporção – das péssimas condições de nossas pistas de rolamento e da falta de uma fiscalização eficiente.
            Nota-se, ainda, a ausência de uma política pública que priorize a educação, não a arrecadação. Algo capaz de conscientizar o chofer dos riscos a que se submete e que impõe a terceiros, quando dirige sob efeito de bebida alcoólica ou comete outras imprudências no trânsito.
            De considerar, também, o acentuado crescimento da frota de veículos e do número de motoristas, o que contribui para elevar o risco de acidentes.
            A composição da frota, por sua vez, merece análise mais aprofundada, pois boa parte dos veículos são motocicletas, que não raro são as causadoras dos acidentes.
            Longe de ser privilégio das grandes metrópoles, o movimento sobre duas rodas alastrou-se pelas cidades do interior, onde as pessoas abandonaram o hábito de caminhar ou de pedalar suas bicicletas, para pilotar uma moto que lhes confere outro “status” social, com mais mobilidade, velocidade e economia.
            O contingente de motocicletas cresceu muito. Infelizmente, menos que as mortes de seus pilotos e caronas.
            Analistas dizem que Valadares tem o trânsito mais caótico do Leste de Minas. Situação delicada, que requer estudos minuciosos, voltados para uma solução satisfatória e definitiva.
            Como em outras localidades, nossas vias públicas são ferrenhamente disputadas por automóveis, ônibus, caminhões, camionetes, motos, bicicletas, carroças, carrinhos de ambulantes, cadeiras de rodas, carrinhos de bebê e até por pedestres.
            Há cruzamentos perigosíssimos, sem semáforos, onde graves acidentes se repetem diariamente. Há vias mal planejadas e mal conservadas. Há enorme dificuldade de estacionamento no centro da cidade. Há cargas e descargas em locais e horários absolutamente impróprios. Há, enfim, problemas de toda ordem, que se arrastam por longos anos.
            Também aqui a frota não para de crescer, sem que tenhamos um transporte público de qualidade, que permita ao cidadão deixar o carro na garagem e utilizar ônibus.
            Pelo visto, o engarrafamento total só seria evitado se alguém, com “peito” e competência, limitasse a frota de veículos à efetiva capacidade de suporte da cidade. Na base do “tira e põe”, o licenciamento de um novo dependeria de que um velho da mesma espécie saísse de circulação.
            A ideia pode parecer doida, mas seria a solução, para um problema maluco.
            Quem se habilita?