Salários contingenciados,
inflação crescente, juros altos, desenvolvimento baixo, perda da
competitividade empresarial, instabilidade do câmbio e desequilíbrio da balança
de pagamentos são apenas alguns pesadelos que têm perturbado os sonos do
Planalto e da planície. Sem falar nas convulsões sociais e urbanas.
Segundo o noticiário,
a situação chegou a ponto de até membros do governo admitirem que a atual forma
de conduzir a economia enfrenta uma crise de credibilidade.
Reina a desconfiança
nos diagnósticos e prognósticos oferecidos à nação. A tendência oficial é a de atuar
na base do “me engana que eu gosto”, mascarando índices e minimizando os
problemas. Por seu turno, nem sempre autêntica, a oposição coloca lenha na
fogueira, torcendo pelo “quanto pior, melhor”.
Abre-se espaço para
observadores independentes, aparentemente descomprometidos com facções partidárias.
É o caso do cientista
político Luiz Felipe d`Avila, presidente do Centro de Liderança Pública,
entidade dedicada ao desenvolvimento e à formação de lideranças interessadas em
melhorar a gestão pública.
Em longa entrevista
publicada nas páginas amarelas da revista Veja (05/02), d`Avila utilizou-se dos
mais diversos argumentos, para mostrar que o Brasil necessita de um líder capaz
de promover urgentes reformas institucionais.
Na sua visão,
“vivemos de reformas feitas no passado. As instituições, porém, não suportam
desaforos. Precisamos de uma nova safra de estadistas virtuosos, para dar
sequência às reformas”. Ainda sobre isso, alertou para que “se o Brasil
continuar no piloto automático, como estamos há mais de uma década,
caminharemos para uma mediocridade terrível”.
Em síntese, d`Avila listou
três objetivos que poderiam livrar ao país da condição em que se encontra: estabelecer como meta dobrar a renda
per capita, em vinte anos; colocar a nação entre as dez primeiras no exame de
avaliação internacional de ensino (Pisa); e atrair quatro trilhões de dólares
em investimentos na infraestrutura. Receita de mestre.
Segundo ele, “a
presidente (Dilma Rousseff) acreditou que atingiria essas metas, sem fazer
nenhuma reforma”. Conseguiu alguma melhora, mas não o suficiente para impedir a
perda de confiança que ela agora luta para recuperar.
Quanto à
possibilidade de mudança significativa a favor das reformas, caso a oposição vença
as próximas eleições, admitiu que Eduardo Campos e Aécio Neves, tendo sido
governadores estaduais, deverão dar mais eficiência à administração pública.
Mas, sem poupá-los de críticas, disse acreditar que “o Brasil terá uma mudança
geracional importante a partir das eleições de 2018”.
Sob o ponto de vista
ético e da eficácia de suas políticas, d`Avila relacionou nove personagens que,
na sua avaliação, seriam os maiores estadistas brasileiros: José Bonifácio de Andrade, Joaquim Nabuco, dom Pedro II, Prudente
de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Oswaldo Aranha, Ulysses Guimarães e
Fernando Henrique Cardoso. Opinião não se discute!
Essa escolha fez
lembrar o ex-presidente Lula, que tem por hábito se comparar a grandes vultos
históricos, particularmente a alguns que o antecederam no cargo. Quase nunca é
levado a sério. Conseguiu, afinal, nivelar-se
a Getúlio Vargas e a Juscelino Kubitscheck:
os três ficaram fora da lista de d`Avila, no mesmo plano.
- Diário do Rio Doce
- Jornal de Domingo