sábado, 3 de agosto de 2013

DE OLHO NO LANCE

            Ponto final naquilo que o presidente da Câmara Federal evitou chamar de férias, preferindo rotular de recesso branco ou descanso parlamentar. Como disse Henrique Alves (PMDB-RN), foi “apenas uma pausa pelo período de 15 dias sem deliberações nos plenários da Câmara e do Senado”. Período em que deputados e senadores estiveram em suas bases ou refúgios de lazer, “de pernas pro ar”, recarregando as baterias ou se coçando.
            Parece, entretanto, que duas semanas não foram suficientes. A reabertura do Congresso Nacional, na última quinta-feira (1º), aconteceu de forma melancólica, com salões vazios e em compasso de “slow motion”.
Na Câmara, nem o presidente da Casa deu as caras; estava no exterior.
No Senado, Renan Calheiros abriu a sessão. Mas não houve quórum suficiente para votações. A esperança é de que, em ambas as repartições, o ritmo normal seja retomado na próxima terça-feira.
Mas, se o relax foi regado a sombra e água fresca, não há previsão de que a moleza se repita daqui pra frente.
Nas duas Casas, temas espinhosos deverão ser votados até o final deste ano, a começar pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Na fila também estão o projeto que institui o passe livre estudantil em todo o País e o que acaba com o voto secreto em todas as votações do Congresso Nacional, a destinação dos royalties do petróleo para a educação e a saúde, e a polêmica MP do Programa Mais Médicos, entre outros textos.
Por outro lado, tudo indica que o restante do semestre será de incertezas e de intensas manobras de bastidores.
Em setembro isso já poderá ser notado, com muitas negociações e troca-troca partidário. É que, segundo o calendário eleitoral de 2014, quem quiser candidatar-se terá até um ano antes das eleições (05/10) para estar filiado a uma sigla partidária.  A tendência é de muitas mudanças.
Além disso, os movimentos de rua permanecem na agenda e poderão recrudescer no Dia da Independência.  Nas redes sociais já se fala em gigantesca manifestação de combate à corrupção, programada para a data.
Na sequência, virá o também emblemático 15 de Novembro, em que se comemora a Proclamação da República, outra ocasião propícia para mobilizações.
O fato é que o país e os políticos têm que se preparar para a outra realidade.
Demonstrando surpreendente disposição para cobrar, a sociedade aderiu às novas formas de agir contra os que não estão correspondendo à expectativa e à confiança de que são depositários.
Melhor, pois, que todos andem nos trilhos e não se façam de desentendidos. As eleições estão próximas, e não faltam substitutos para os incompetentes.
 

 

domingo, 28 de julho de 2013

GENIAL FRANCISCO!

           A última semana foi pródiga em acontecimentos bombásticos: Lula reapareceu, em grande estilo, dizendo que “eu comecei fazendo política no PT e, se Deus quiser, vai demorar muito, mas vou morrer fazendo política pelo PT”; no Reino Unido, nasceu George Alexander, filho do príncipe William e de sua mulher, Kate Middleton; em Belo Horizonte, o Clube Atlético Mineiro conquistou, com méritos, a Copa Libertadores, pondo fim a um carma de incapacidade para o que conseguiu; atípicas e intensas geadas cobriram o sul do país, fazendo a alegra de milhares de turistas, sem falar no lamentável acidente ferroviário em Santiago de Compostela/Espanha, responsável por cerca de 80 mortes. Mas nada suplantou visita do Papa Francisco.
Prestigiada por milhares de fiéis, sua chegada ao Brasil, na última segunda-feira, foi saudada de forma impressionante, tanto quanto têm sido a reverência e os aplausos que a ele são dedicados nos muitos eventos de que participa.
Já na sua primeira manifestação pública, Francisco ganhou a simpatia geral, ao dizer que “peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!”.
Ao longo de sua caminhada por terras brasileiras, mostra-se extremamente solícito e atencioso com a multidão que o cerca, não poupando sorrisos e gestos de carinho que a todos empolgam.
Sem prejuízo do caráter evangelizador de sua missão, consegue abordar temas polêmicos, com absoluta sabedoria e genialidade.
Na comunidade de Varginha, integrante do Complexo de Manguinhos, fez seu discurso mais político: pediu aos jovens empenho no combate à corrupção, censurou os políticos que atuam em causa própria, rotulou de inaceitável a desigualdade social e econômica, além de reconhecer o esforço da sociedade brasileira em combater a fome e a miséria.
Visitando no Rio o Hospital São Francisco de Assis, que trata de dependentes químicos, investiu contra os projetos de liberalização das drogas na América Latina e acusou traficantes de serem os "mercadores da morte".
Mas nem tudo é seriedade e rigidez. A visita inclui momentos hilários e descontraídos. Alguns provocados pelo próprio Papa, como quando ele falou que gostaria de bater à porta de cada casa brasileira para “dizer bom dia, pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho. Não um copo de cachaça”.
Sem deixar por menos, os internautas têm contribuído com charges e histórias bem humoradas. Uma delas aponta alguns milagres de Sua Santidade, na temporada carioca: andou de carro no Rio, de janela aberta, e não foi assaltado; fez o povo brasileiro aplaudir um argentino; caminhou no meio da polícia do Rio e não apanhou; encontrou-se com Renan Calheiros e não foi acusado de nada; esteve com o governador e não gritou “Cadê Amarildo?”; ficou engarrafado no Rio e não apareceu nenhum flanelinha; usou saia em Copacabana e não levou cantada.
Tão logo chegou ao Rio, o papa Francisco mostrou saber muito bem como conquistar o afeto de nossa população: "Descobri que para ser recebido no Brasil é preciso entrar no portal do coração deste povo". Entrou!
 
* Jornal de Domingo
* Diário do Rio Doce