- Diário do Rio Doce - 16.08.2018
A mudança para os
grandes centros, em busca de maiores oportunidades de estudo e trabalho, é um
comportamento típico do ser humano, especialmente dos jovens.
Esgotadas suas
chances nos locais onde vive, o indivíduo sai em busca de novos horizontes,
deixando para trás família, namorada, amigos, objetos e locais com os quais até
então conviveu. De repente, tudo vira recordações que dificilmente se apagarão,
sobretudo para quem soube viver o passado.
Hoje declinante, esse
movimento migratório teve sua fase áurea nos anos 1950/70, quando os cursos
superiores existiam apenas nas capitais e em algumas localidades mais adiantadas.
Foi nessa época que
muitas famílias de Governador Valadares assistiram ao êxodo de seus filhos. Após concluir o então chamado segundo grau, eles
não tiveram alternativa, senão fazer as malas e partir para onde pudessem
prosseguir seus estudos. E assim se espalharam por Belo Horizonte, Vitória,
Rio, São Paulo e outras metrópoles, inclusive do exterior. Ali lá se formaram,
se estabeleceram, constituíram família e acabaram criando raízes. Nos quatro
cantos do mundo, é possível encontrar valadarenses notáveis e bem sucedidos,
nas mais diversas áreas.
Muitos desses “emigrantes”, agora na faixa dos
70 anos, embora dispersos, conseguem manter um estreito relacionamento entre si,
como se nunca houvessem se distanciado uns dos outros.
Entre os diferentes modos
de manter essa sadia convivência, eles formam no WhatsApp um grupo, já bem
numeroso, que se comunica de forma constante, falando de amenidades, família,
política, esporte, humor, sacanagem, viagens e tudo o mais que possa agregar
valores e perenidade à confraria.
A
explicação para tanto entrosamento poderia se resumir nos laços de amizade que
ligaram esses personagens na infância e na juventude, quando eram vizinhos ou
integravam a mesma tribo. Mas há outro forte elo, que inclusive contribui para
que o grupo se torne cada dia mais numeroso:
o Colégio Ibituruna, onde, na década de 1960, eles cursaram o primeiro e
segundo graus.
´ É
surpreendente a influência desse educandário sobre o emocional de seus alunos. Mesmo
após muitos anos de separação, as salas de aula, os professores, os colegas, os
desafios, as brincadeiras, as rusgas e emoções sobrevivem na memória de todos,
alimentando um espírito de união que se fortalece com o passar do tempo.
Não
se contentando com o simples contato virtual, essa turma partiu para um corpo a
corpo periódico, com direito a comes e bebes, camiseta, muita alegria e nenhuma
influência política. Isso já aconteceu duas vezes, ambas na capital mineira.
Neste
ano, coincidindo com 80º aniversário de fundação do Colégio Ibituruna, o
encontro será em Governador Valadares, nos dias 14 e 15 de setembro próximo. Esperam-se
mais de 100 participantes, muitos dos quais virão de várias partes do país.
A
programação, a cargo de um grupo coordenador, inclui duas festivas reuniões
etílico-gastronômicas, uma missa de agradecimento e homenagens presenciais e
“in memoriam” a algumas personalidades ligadas à escola.
Embora
de natureza informal, o evento é da maior importância. Além do desejo de
confraternização que o motiva, ele oferecerá aos ex-alunos, em especial os que
vêm de fora, a rara oportunidade de um reencontro com velhos amigos e com o
colégio onde iniciaram a caminhada rumo ao sucesso. Haja coração!