Por Etelmar Loureiro
- Diário do Rio Doce – 11.10.2018
Um
velho político nordestino, certa vez afirmou que o conteúdo das fraldas de bebê
e das urnas eleitorais só se conhece depois que elas são abertas. De nada
adiantam imaginações ou suposições. Só abrindo, pra ver.
A
tese é antiga, mas permanece na ordem do dia, válida e incontestável.
Os
resultados do primeiro turno das eleições deste ano outra vez revelaram a
fragilidade e a imprecisão das pesquisas eleitorais feitas pelos institutos
especializados no assunto.
Não
que elas tenham sido totalmente equivocadas. Em alguns casos, até acertaram, como
na avaliação dos concorrentes à Presidência da República. Em outros, porém, incorreram
em falhas lamentáveis, bastante comprometedoras da sua já abalada confiabilidade.
Em
Minas Gerais, por exemplo, houve erros inadmissíveis, causadores de surpresas e
decepções que muito alteraram o cenário político estadual.
Basta
lembrar a situação de Dilma Rousseff. Durante toda a campanha, as pesquisas
diziam ser ela a favorita. Por muitas noites, isso tirou o sono do enorme
contingente de mineiros inconformados com a ideia de tê-la como sua
representante no Senado Federal. Contados os votos, entretanto, a ex-presidente
não passou de um melancólico quarto lugar, com um sufrágio inferior à metade do
que foi previsto pelas pesquisas. Seus adversários ainda comemoram.
Outra
enorme divergência entre as urnas e as “profecias” aconteceu na corrida para o
governo mineiro.
No
sábado anterior à votação, as pesquisas davam como certo um segundo turno entre
Antonio Anastasia e Fernando Pimentel, com larga vantagem para o primeiro. Em
modesto terceiro lugar, tido como carta fora do baralho, aparecia Romeu Zema,
um ilustre desconhecido nos meios políticos, que jamais participou de eleições.
Terminada a apuração, Zema conquistou quase metade dos votos, detonou o petista
Pimentel, e vem sendo considerado favorito na briga final, contra Anastasia.
Em
maior ou menor escala, a inconsistência das pesquisas também se fez sentir em
outros importantes redutos eleitorais, inclusive Brasília, Rio de Janeiro e São
Paulo, onde os resultados das urnas divergiram em muito dos que foram por elas
apontados.
Alguns
especialistas dizem que os institutos não erraram. Na visão do cientista
político Malco Camargos, professor da Puc-Minas e diretor do Instituto Ver
Pesquisa e Estratégia, “ocorre que as pesquisas captam o momento. O eleitor é
perguntado para quem votaria se a eleição fosse naquele dia. E o eleitor muda
de opinião”.
Segundo
o Ibope, já se esperava que pesquisas efetivadas antes da eleição mostrassem
alguns resultados diversos dos apurados. “Grande parte dos eleitores são
indecisos até o dia da eleição, decidindo apenas na hora da votação em quem vão
votar”, ponderou o instituto, acrescentando que, por esse motivo, as pesquisas
de boca de urna são as que mais refletem a realidade.
Agora, limitada a
dois os candidatos, a escolha tende a ser é mais fácil.
Escaldado
das demagogias e inverdades que lhe empurraram goela abaixo no primeiro turno,
o eleitor adquiriu melhor condição de decidir.
Por
outro lado, deverá ser bem mais pressionado por institutos como o Ibope,
Datafolha e outros tomadores de opinião, afora a enxurrada de verdades e
inverdades que continuarão viralizando na internet.
O
momento é de ficar atento aos lances, em busca de elementos que permitam formar
juízo próprio. Lembrando que as pesquisas de opinião, mesmo quando imparciais, só
acertam quando erram pouco.