sábado, 10 de março de 2012

ROSCA SEM FIM

            Quando parece que a patifaria atingiu seu ponto máximo, surge nova decepção, mostrando que o brasileiro não deve se iludir com a reabilitação ética de seus políticos.
            Ressalvadas poucas exceções, a classe permanece amoral, desonesta, caloteira e, por isso, sem crédito.
Imaginar que o ciclo de aberrações cometidas por nossas autoridades se encerrou com a descoberta do mensalão é o mesmo que acreditar em renúncia de Sarney.
Os cofres públicos formam um filão inesgotável e a ganância dos que deveriam zelar por eles é tipo rosca sem fim.
O simples fato de deputados e senadores serem premiados com 14º e 15º salários, afora outras mordomias, seria mais uma evidência desse descalabro.
Mas o abuso não fica só nisso.
No âmbito do Senado, a benesse é concedida sem desconto de Imposto de Renda, contribuindo para que cada senador deixe de pagar por ano quase R$ 13 mil de impostos.
Além de representar mais um assalto ao Tesouro, esse calote constitui afronta ao trabalhador comum e aos aposentados que se estrebucham para sobreviver com treze contracheques infinitamente mais modestos. Brasileiros que pagam religiosamente os seus impostos – até porque descontados na fonte – nem sempre podendo abater a totalidade dos gastos efetuados.
A maracutaia, como sempre, só veio à tona com recente denúncia feita pelo jornal Correio Braziliense. Ao que parece, era desconhecida até pela Receita Federal, que depressa resolveu instalar procedimento investigatório.
Desmascarado e sob pressão pública, o Senado não teve como mais postergar. Após um ano de engavetamento, resolveu que votará projeto da então senadora e atual chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, prevendo encerrar a farra com o dinheiro do contribuinte. A promessa do senador Delcídio do Amaral, presidente da comissão de Assuntos Econômicos, é de que o assunto vá a plenário dentro de trinta dias.
            O povo ignora até quando estará bancando tantos oportunistas e aproveitadores. Com a paciência de sempre, reúne resquícios de esperança em torno da extirpação de mais um tumor.
No caso dos dois salários recebidos a mais, as circunstâncias permitem acreditar que os políticos sejam capazes de posar de bonzinhos, amputando o próprio ganho.  Ninguém sabe, entretanto, o que exigirão em troca.

domingo, 4 de março de 2012

DADA A LARGADA

            Equilibradas e sensatas é o que se pode dizer das declarações do ex-vice-prefeito Augusto Barbosa, na entrevista publicada pelo Diário do Rio Doce (28/02)
            Antes de abordar a questão política, o líder tucano falou de sua vivência comunitária, demonstrando amplo conhecimento das carências locais, em especial as relacionadas com as áreas de saúde e educação.
            Com peculiar habilidade, foi cauteloso na resposta sobre seus planos  em relação ao próximo pleito eleitoral.
            Ancorado em respeitável passado político, disse achar natural aspirar ser também prefeito do município. Mas considera “óbvio que isso tem que ser feito através de um consenso, não só dentro do PSDB, mas no grupo de partidos que vão compor a futura administração”.
            Nesse contexto, Barbosa vai bater de frente com aliados igualmente interessados no cargo. No mano a mano, entretanto, sua bagagem e liderança políticas, a experiência administrativa e a aceitação popular podem fazer a diferença. Tanto que vem sendo apontado como o que reúne melhores chances de enfrentar o adversário.
            O risco é a competição predatória e a autofagia grupal em que se lançam elementos de uma mesma coligação, disputando entre si iguais objetivos. Egoístas que preferem naufragar em conjunto a se aglutinar em torno do melhor. Só ganham quando perdem pouco.
            Importante, é que, em meio a tanto esconde-esconde, alguém da oposição tenha tomado a iniciativa de abrir o jogo. E o atual superintendente regional de Saúde o fez com a objetividade e transparência que o caracterizam.
            A largada em direção à Prefeitura Municipal foi dada conforme a lógica, inclusive no tocante a protagonistas. Mas, enquanto possível, poderão acontecer surpresas nem tão surpreendentes. Que ninguém se surpreenda
!