Por
Etelmar Loureiro
- Diário
do Rio Doce – 12.09.2019
Nos anos 1950/1970,
inúmeras famílias de Governador Valadares assistiram a uma verdadeira debandada
de seus filhos. Premidos pela necessidade de continuar seus estudos, eles
tiveram que fazer as malas e rumar para centros mais desenvolvidos, onde isso
lhes fosse possível. Então, muitos se mandaram para Belo Horizonte, Vitória,
Rio, São Paulo e outras grandes cidades, inclusive do exterior. Por lá se
formaram, se estabeleceram, constituíram família e acabaram criando raízes. Em
qualquer parte do planeta terra é possível encontrar valadarenses bem-sucedidos,
atuando nos mais diversos setores.
Muitos
desses “retirantes”, hoje setentões, embora espalhados pelo mundo, conseguem
preservar um bom relacionamento entre si, como se nunca houvessem se afastado
uns dos outros.
A
explicação para tão profícuo entrosamento não se resume aos vínculos de amizade
que uniram essas pessoas na meninice e na mocidade, quando eram vizinhos ou
formavam uma só tribo. Há outra expressiva conexão, que inclusive concorre para
que a turma se torne cada vez mais numerosa:
o Colégio Ibituruna, onde, na década de 1960, todos cursaram o primeiro e
segundo graus.
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É extraordinária a influência dessa escola sobre o emocional de seus ex-alunos.
Mesmo após um longo distanciamento, os professores, os colegas, as salas de
aula, os desafios, as brincadeiras, as rusgas e emoções sobrevivem na lembrança
de todos, alimentando um espírito de união que se fortalece com o passar dos
anos.
Entre
os diferentes meios de sustentar esse estreito convívio, eles formaram no
WhatsApp um numeroso grupo, onde interagem de forma contínua, falando de
família, política, esporte, humor, amenidades, sacanagem, viagens e tudo o mais
que possa agregar valores e perpetuidade ao grupo.
Não satisfeitos com o simples contato virtual,
a turma partiu para um encontro anual, que caminha para sua quarta edição. As
duas primeiras ocorreram em Belo Horizonte e a última em Governador Valadares,
todas da melhor qualidade. São dois dias de festa, com direito a comes e bebes,
camiseta, muita alegria e nenhuma influência política.
Pode
até parecer uma coisa singela, nada mais do que uma confraternização entre amigos
que se conhecem de velhos tempos. Mas não deve ser assim encarada. Pensado bem,
é o reencontro de personagens que, após longa ausência, voltam às origens, numa
rara oportunidade de mostrar as transformações por que passaram e as conquistas
colecionadas em outras plagas. Em contrapartida, a eles é dada a chance de
refletir sobre o quanto foram importantes os exemplos e os primeiros ensinamentos
recebidos de seus pais, mestres, familiares e amigos, que os ajudaram a vencer
os desafios com os quais se defrontaram em terras distantes.
A celebração de 2018 valeu todos os esforços no sentido
de torna-la realidade. Foi tão bem aceita, alegre e empolgante, que os
organizadores decidiram não mexer naquilo que deu certo. Também a reunião deste
ano ocorrerá nesta cidade, nos próximos dias 20 e 21, incluindo um jantar e um
almoço festivos, nos mesmos moldes e locais do ano passado.
Ao
que tudo indica, Valadares caminha para se tornar o palco oficial desse emblemático
encontro, o que, aliás, seria justo e coerente. Afinal, a localidade oferece
aos participantes, sobretudo os muitos que vêm de fora, a rara oportunidade de
reencontrar parentes e velhos amigos, além de visitar locais e rever cenários
que permanecem vivos em suas lembranças. Ademais, é o lugar em que funciona o tradicional
Colégio Ibituruna, onde todos iniciaram a jornada cultural que os levou ao
sucesso, e em torno do qual robustece a união de um grupo que não se cansa de curtir
a saudade dos tempos estudantis.