sábado, 13 de outubro de 2012

EMBLEMAS E VERDUGOS

      

            Um resultado que não seja bem analisado jamais contribuirá para o aperfeiçoamento do que se fez de positivo, ou para que se evitem as falhas cometidas.
            A reflexão vale para as mais diversas empreitadas, sobretudo aquelas que se repetem periodicamente.
            As últimas eleições municipais se inserem nesse contexto.
           Do modo como aconteceram, ficou claro que nossos políticos ainda têm muito que apreender.
Pra começar, viu-se uma oposição desarticulada, fragmentada, que pouco evoluiu na forma de competir. Permaneceu presa a um processo anacrônico, onde a vaidade e o orgulho prevaleceram sobre a inteligência e o bom senso. De forma egoísta, preferiu decompor-se em vários grupos concorrentes, a aglutinar-se em torno de um nome capaz de polarizar; e esse nome mostrou que existia. A consequência foi um canibalismo selvagem, desmedido e predatório, na disputa da mesma fatia do eleitorado. Sem segundo turno, o resultado só poderia ser o naufrágio melancólico e solidário. Bom para a prefeita Elisa Costa, que, graças à fidelidade de boa parte de seu eleitorado, obteve previsível e inédita reeleição. Não foi tão bem votada quanto no pleito anterior, mas venceu; é o que importa!
Não menos emblemáticos foram os quase 53 mil eleitores que votaram em branco, anularam seus votos ou simplesmente deixaram de comparecer às urnas, com abstenções em torno de 45 mil. O total é superior à votação alcançada por quaisquer dos candidatos, denotando que a maioria reprovou todos eles.
Outro aspecto marcante foi a renovação no plantel da Câmara Municipal. O eleitor preferiu escalar novos valores, esperançoso de acabar com a apatia, o comodismo e a ineficiência a que se entregou o legislativo. E parece que o critério surtirá efeito. Há novatos dignos de confiança, em meio a veteranos de boa qualidade; a miscelânea promete.
A grande lição, entretanto, ficou por conta das promessas de campanha.
Pelo visto, há unanimidade em torno das necessidades locais, concentradas nas áreas de saúde, educação, saneamento, segurança, transporte e desenvolvimento. Todos assumiram compromissos nesse sentido, acenando com ideias e soluções que não raro dependerão de outras instâncias governamentais.
            A permanência no poder costuma favorecer o alcance de metas. Evita trocas de equipes, mudanças de orientação e outros caprichos capazes de prejudicar a continuidade das ações em andamento.  No caso local, ela tende a se tornar mais positiva, dado o vínculo da administração com o Governo Federal e seu aparente bom relacionamento com o Executivo mineiro. Resta verificar se os compromissos de agora serão honrados, ou voltarão como juras de campanha, nas eleições de 2014.
            Um velho provérbio português ensina que “três vezes na cadeias é sinal de forca”. Só nos faltam carrascos especializados!