quinta-feira, 19 de julho de 2018

A PRAÇA É AUREA


Por Etelmar Loureiro

- Diário do Rio Doce - 19.07.2018

As cidades mais antigas e tradicionais, donas de um passado mais amplo, preferem batizar suas ruas, avenidas, praças e outros locais públicos com nomes das pessoas ilustres que ali tiveram alguma importância histórica ou atuação relevante. É a melhor forma de reverenciar e, ao mesmo tempo, perpetuar a memória daqueles que se destacaram, e, de alguma forma, contribuíram para o desenvolvimento da comunidade. Por isso, além de merecedores de deferências, é importante que sirvam de exemplo e permaneçam vivos na lembrança das gerações seguintes.
Em Valadares essa prática ainda não alcançou níveis desejáveis. Não porque a cidade seja jovem, ou porque lhe faltem personagens dignos de homenagens. A verdade é que, durante certo tempo, a questão foi negligenciada pelos que por ela deveriam zelar.
Nos seus 80 anos de emancipação, o município exibe um desenvolvimento próprio dos grandes centros, a ponto de ser considerado um polo regional. E essa posição só foi alcançada graças ao trabalho incansável e à dedicação de incontáveis homens e mulheres cujos nomes engrandeceriam quaisquer logradouros.
Há pontos em que a justiça já se faz presente, como na Praça Serra Lima, no Aeroporto Coronel Altino Machado D’ Oliveira, na Avenida Moacyr Paletta, na Escola Municipal Padre Eulálio Lafuente Elorz, na Univale-Campus Armando Vieira, na Eteit-Campus Antônio Rodrigues Coelho, na Vila (Afonso)Bretas, na Praça Euzébio Cabral e no Estádio José Mammoud Abbas, entre outros. Isso sem contar vários edifícios que herdaram nomes dos patriarcas das famílias que os construíram. Mas tem muito mais gente a homenagear.
Em texto recente (Chance de Se Redimir – 21.06.18), falei sobre o extraordinário, mas esquecido, Hermírio Gomes da Silva, falecido há quase 10 anos, e tomei a liberdade de aponta-lo como patrono da Praça de Esportes, existente no centro da cidade; tomara que a ideia repercuta!
A atual administração municipal tem dado inequívoca demonstração de que pretende recuperar o terreno perdido. Ainda há pouco, reverenciou o músico Jacenguay Souza Pettersen, o saudoso Guay, dando seu nome à concha acústica da Praça dos Pioneiros.
Na última terça-feira (17), as atenções se voltaram para a memória de Áurea Franco Machado, uma das mais queridas e ilustres mulheres de sua época. Na ocasião, aconteceu a reinauguração da Praça Treze de Maio, que, revitalizada, passou a se chamar Praça Aurita Franco Machado.  Popularmente conhecido como “Praça da Mulher da Boca Aberta”, o logradouro foi construído nos anos de 1964 e 1965, pelo então prefeito Joaquim Pedro Nascimento. À época, a intenção era homenagear as mulheres valadarenses que, lideradas por Áurea Machado, foram às ruas, aos gritos, protestando contra as ameaças ideológicas que pairavam sobre a nação. Esse grito, aliás, explica a mulher de boca aberta que inspirou o busto erguido no local.
Dona Aurita, como era carinhosamente chamada, se destacou como esposa e mãe, além do seu elevado nível cultural, do dinamismo, da coragem, e do espírito público que sempre pautaram sua maneira de agir. Esteve presente nos grandes momentos da vida comunitária valadarense, coadjuvando ou liderando ações quase impossíveis, mas afinal bem sucedidas. Entre essas, a entronização da imensa imagem de Nossa Senhora que hoje resplandece no Pico da Ibituruna. Sua participação foi também decisiva na criação da Escola Técnica de Enfermagem da Fadivale e na fundação da Sodami.
Para potencializar os seus méritos, Dona Aurita teve a graça e o privilégio de deixar herdeiros valorosos, que, tal como ela, alimentam e demonstram grande amor e dedicação por Valadares. Precisa mais?