É
o caso de Joaquim Barbosa, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que, de
um momento para outro, se transformou em super herói, paladino da lei e
depositário das grandes esperanças nacionais. Seu nome tem sido cogitado para
as mais diferentes missões, de secretário de Segurança Pública em São Paulo a
presidente da República.
Isso
se deve praticamente à sua brilhante performance como relator do processo
“mensalão”, em final de julgamento na Suprema Corte. A competência e a coragem
com que vem se comportando lhe têm garantido os mais entusiásticos elogios. Graças
a ele, o país tem assistido, com indisfarçável surpresa, à condenação de figurões
que surrupiaram dinheiro público, certos de que jamais seriam punidos.
Não
só isso contribuiu para o surgimento desse novo ídolo. Sua trajetória de vida,
marcada pela humildade e pelo mérito com que conquistou suas vitórias, também influiu.
O prestígio de Barbosa ficou evidente na solenidade de sua posse como
presidente do STF, na última quinta-feira (22). Ali estiveram cerca de 1500
convidados, inclusive a presidente Dilma Rousseff, que, por sinal, não
conseguiu disfarçar os ares de palmeirense fanática, no dia em que o verdão foi
rebaixado.
Numa
espécie de acaso programado, o evento aconteceu na chamada Semana da
Consciência Negra. Isso fez com que muitos tentassem lhe atribuir a conotação
de homenagem à comunidade afrodescendente, à qual pertence o empossado. Tudo devido à crença de que Barbosa só
chegou ao STJ graças a um lance de genialidade ou benevolência do ex-presidente
Lula, interessado em tornar-se o primeiro presidente a levar um negro à mais
alta corte de Justiça do país. De quebra, teria ali mais um aliado serviente,
pronto para colocar panos quentes nas questões que comprometessem companheiros.
Mas
o tiro saiu pela culatra. Uma vez que não necessitou de cotas raciais ou
favores para se tornar advogado e jurista de renome, Barbosa tem agido com
firmeza, independência e honradez, mostrando que homem de bem não tem cor, tem
caráter.
No
seu discurso de posse, entre outras pérolas, afirmou que “a noção de justiça é
indissociável da noção de igualdade. Quando se associam justiça e igualdade,
emerge o cidadão”.
Palavras
eloquentes, indicativas de que ele chegou onde está não por ser negro, mas por
ser digno.