Presente em diferentes circunstâncias, esse comportamento
é comum nas tragédias provocadas por secas, enchentes, avalanches, terremotos,
tsunamis, incêndios florestais e outros fenômenos naturais. Mesmo ciente dos
riscos, o homem insiste em desafiar a natureza, permanecendo onde não devia ou
comportando-se de maneira imprópria.
A escassez de água ora enfrentada por São Paulo dá a
exata dimensão desse conflito: o Estado encara sua pior crise em mais de
80 anos.
Segundo consta, a vulnerabilidade do sistema de abastecimento é
conhecida pelo governo paulista desde dezembro de 2009. Naquela ocasião,
relatório elaborado pela Fundação de Apoio à USP não apenas alertou para o
problema como sugeriu medidas que fossem tomadas pelo órgão responsável (Sabesp),
com vista a assegurar melhor gestão dos recursos hídricos.
Nada se fez, e a unidade federativa mais desenvolvida do país está às portas de um
colapso d’água.
O problema existe em
todo o planeta.
A redução
do volume de água no mundo é constante e quase sempre sorrateira. Suas
consequências nem sempre são imediatas. Quando se mostram, costuma ser tarde
demais para que algo seja feito.
Estudos
mostram que 40% da população mundial já são afetados pela falta de água.
Nas
nações pobres, a dificuldade é mais drástica: grande maioria da população não tem acesso a água potável e
saneamento.
Há
previsões de que, nos próximos anos, as guerras não mais serão por petróleo, sim
por recursos hídricos. O Brasil detém 13,7 % de toda a água potável no mundo. É
o país mais rico nesse quesito, consequentemente, poderá tornar-se o mais
visado.
Não é necessário percorrer longas
distâncias, para achar alguém desperdiçando preciosos litros de
água. O desrespeito não tem jurisdição, porém é maior nas áreas
centrais das cidades, onde os mais abastados insistem em longas limpezas de
passeios, irrigações de plantas e jardins, lavagens de veículos e outras
práticas que chegam a afrontar à comunidade, contribuindo para agravar o
problema. Em condomínios, postos de combustíveis, lava-jatos, colégios,
mansões, casas e outros locais é banal a água jorrar como se houvesse dilúvio.
A mudança desses hábitos é tão
importante quanto a conscientização de que não se deve esperar o arrombamento
da porta, para nela colocar um bom trinco.
Melhor prevenir do que remediar,
pois, segundo um velho provérbio, “quem não houve conselho, ouve coitado”.
- Jornal de Domingo