O que mais repercutiu em 2012 foi, sem dúvida, o
julgamento do mensalão, um dos maiores escândalos de corrupção da política
brasileira. Surpreso diante do desenrolar dos trabalhos, o povo vibrou com o
barraco instalado na Suprema Corte. Acompanhou, capítulo por capítulo, como se
assistisse a uma novela de televisão. E de fato emocionou o quebra-pau entre o
ministro Joaquim Barbosa e seus companheiros de Tribunal, se é que naquela
ocasião Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli fossem companheiros. Antes
inacreditável, o resultado foi a condenação de 25 dos réus, todos de alto nível,
entre eles o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoíno, o
ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério. Ainda
que se livrem da prisão, já estão moral e perpetuamente encarcerados.
Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) punia os
mensaleiros, o Congresso Nacional encerrava mais uma página negra de sua
história, dando fim melancólico à CPI do Cachoeira, outro destaque da
temporada. Um relatório de apenas duas páginas, aprovado por opressiva maioria
de participantes, jogou por água abaixo longos meses de trabalho, sem
incriminar qualquer suspeito.
Na enxurrada de pesquisas de opinião,
retrospectivas, previsões e fofocas que afloram nas mudanças de calendário,
algumas se destacam pela originalidade, pela bizarrice, pelo absurdo ou até por
coerência. Às vezes fica difícil separar os piores dos melhores momentos; eles
se confundem.
A dúvida se aplicaria, por exemplo, ao buchicho
que, no apagar das luzes, envolveu notáveis figuras do governo, inclusive a
servidora Rosemary de Noronha, chefe do escritório regional da Presidência da
República em São Paulo. Segundo dizem, íntima protegida de Lula. O escândalo só
não teria alcançado maior repercussão porque, para sorte dos implicados, “as
roses não falam”, pelo menos enquanto o silêncio vale ouro.
Quem novamente roubou a cena, entretanto, foi a
presidente Dilma Rousseff. De acordo com pesquisa CNI/Ibope, ela encerrou o ano
com aprovação de 62% dos brasileiros e um índice de confiança que se manteve em
invejáveis 73%.
Os oposicionistas insistem em afirmar que esses
números não condizem com o fraco desempenho da economia brasileira em 2012,
tampouco com o estado de abandono em que se encontram vários e importantes
setores da vida nacional.
Mesmo fazendo parte do anedotário, não falta quem
leve a sério o entendimento de que governo só não erra e perde pontos quando
fica de braços cruzados. São os mesmos exagerados, capazes de acreditar em que
o prestígio de Dilma vem sendo construído sobre o fazer nada, ainda assim muito
pouco. Quanto mais inativa, melhor. O que faz crescer no ranking são as
promessas e a propaganda, e isso não falta.
Mas a volta do Big Brother, a profunda apatia da
oposição, o retorno de José Genoíno ao Congresso, a possibilidade de Renan
Calheiros eleger-se presidente do Senado, o regresso de Parreira à Seleção e a
contratação de Alexandre Pato pelo Corinthians são fatos que prometem agitar.
Nessa reviravolta, tudo pode acontecer, até mesmo Sarney tornar-se
imprescindível!