domingo, 6 de janeiro de 2013

PILHORES MOMENTOS


O que mais repercutiu em 2012 foi, sem dúvida, o julgamento do mensalão, um dos maiores escândalos de corrupção da política brasileira. Surpreso diante do desenrolar dos trabalhos, o povo vibrou com o barraco instalado na Suprema Corte. Acompanhou, capítulo por capítulo, como se assistisse a uma novela de televisão. E de fato emocionou o quebra-pau entre o ministro Joaquim Barbosa e seus companheiros de Tribunal, se é que naquela ocasião Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli fossem companheiros. Antes inacreditável, o resultado foi a condenação de 25 dos réus, todos de alto nível, entre eles o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoíno, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério. Ainda que se livrem da prisão, já estão moral e perpetuamente encarcerados.
Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) punia os mensaleiros, o Congresso Nacional encerrava mais uma página negra de sua história, dando fim melancólico à CPI do Cachoeira, outro destaque da temporada. Um relatório de apenas duas páginas, aprovado por opressiva maioria de participantes, jogou por água abaixo longos meses de trabalho, sem incriminar qualquer suspeito.
Na enxurrada de pesquisas de opinião, retrospectivas, previsões e fofocas que afloram nas mudanças de calendário, algumas se destacam pela originalidade, pela bizarrice, pelo absurdo ou até por coerência. Às vezes fica difícil separar os piores dos melhores momentos; eles se confundem.
A dúvida se aplicaria, por exemplo, ao buchicho que, no apagar das luzes, envolveu notáveis figuras do governo, inclusive a servidora Rosemary de Noronha, chefe do escritório regional da Presidência da República em São Paulo. Segundo dizem, íntima protegida de Lula. O escândalo só não teria alcançado maior repercussão porque, para sorte dos implicados, “as roses não falam”, pelo menos enquanto o silêncio vale ouro.
Quem novamente roubou a cena, entretanto, foi a presidente Dilma Rousseff. De acordo com pesquisa CNI/Ibope, ela encerrou o ano com aprovação de 62% dos brasileiros e um índice de confiança que se manteve em invejáveis 73%.
Os oposicionistas insistem em afirmar que esses números não condizem com o fraco desempenho da economia brasileira em 2012, tampouco com o estado de abandono em que se encontram vários e importantes setores da vida nacional.
Mesmo fazendo parte do anedotário, não falta quem leve a sério o entendimento de que governo só não erra e perde pontos quando fica de braços cruzados. São os mesmos exagerados, capazes de acreditar em que o prestígio de Dilma vem sendo construído sobre o fazer nada, ainda assim muito pouco. Quanto mais inativa, melhor. O que faz crescer no ranking são as promessas e a propaganda, e isso não falta.
Mas a volta do Big Brother, a profunda apatia da oposição, o retorno de José Genoíno ao Congresso, a possibilidade de Renan Calheiros eleger-se presidente do Senado, o regresso de Parreira à Seleção e a contratação de Alexandre Pato pelo Corinthians são fatos que prometem agitar. Nessa reviravolta, tudo pode acontecer, até mesmo Sarney tornar-se imprescindível!