sábado, 22 de setembro de 2012

FESTIVAL DE SUCESSOS


           Nunca antes na história deste país a opinião pública ficou dividida entre tantas emoções. É como se todos estivessem num grande auditório, assistindo a diferentes e simultâneas atrações.
            A novela “Avenida Brasil” é um dos marcos. O quebra-pau entre Carminha e Nina tornou-se mais atraente que a disputa entre Obama e Romney.
            Outro que desperta muita atenção é o pleito municipal. Nem tanto pela farta pobreza do horário político ou pelo obscuro brilhantismo dos candidatos. O que deixa a turma “ligadona” é a surpreendente mesmice com que se desenrola, somada aos originais incômodos de sempre. Cartazes de candidatos, mal posicionados em esquinas, prejudicam os transeuntes e dificultam a visão dos motoristas. Carros de som invadem ruas e avenidas, atrapalhando o trânsito e agredindo os mais resistentes tímpanos. Nos comícios e passeatas predominam militantes remunerados, posando de simpatizantes, e engarrafamentos que não traduzem adesão popular.
            Destaque tem sido também a Seleção Canarinho. Com clássica mediocridade, vem colecionando entusiásticas vaias, tipo as que lhe foram dadas no último jogo contra a Argentina. E há grande chance de o técnico Mano Menezes seguir prestigiado, caso os argentinos vençam a próxima partida (03/10); Felipão que o diga!
            O escândalo Cachoeira foi pro vinagrete. Parece que a CPI incumbida de apurá-lo achou melhor trancar as comportas, até após as eleições. Uma criticada forma de reduzir a turbulência da catarata em que podem se afogar muitos políticos. Mas, de olho no lance, o povo cobra a normalização dos trabalhos e a indicação dos ilustres culpados.
            O campeão de audiência, entretanto, continua sendo o julgamento do “mensalão”, no Supremo Tribunal Federal (STF). É onde, sob olhares suplicantes, renasce a esperança de um Brasil afinal disposto a julgar e punir os responsáveis pela corrupção que o devasta. Ali a justiça permanece cega, mas a maioria dos ministros não tem fechado os olhos diante dos delitos atribuídos aos réus. Muitas condenações já aconteceram e outras tantas são aguardadas.
            Turbinando esse festival de sucessos, outro espetáculo entrou em cartaz. Uma inconfidência atribuída ao empresário Marcos Valério colocou Lula no epicentro do rumoroso “mensalão”. Segundo veiculado pela revista Veja, o operador do esquema teria dito que o ex-presidente "era o chefe" e "comandava tudo". Acrescentou que “não podem condenar apenas mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio (Soares), e o Zé (José Dirceu) não falamos".
            Uma vez que isso não foi confirmado ou contestado à altura, fica “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.
            De concreto, só a convicta dúvida se Lula foi alça de caneca ou salsicha de cachorro quente, no banquete do escândalo. Coisa que as autoridades podem e devem apurar ... com lupa.