Nunca antes na história deste país a opinião
pública ficou dividida entre tantas emoções. É como se todos estivessem num
grande auditório, assistindo a diferentes e simultâneas atrações.
A
novela “Avenida Brasil” é um dos marcos. O quebra-pau entre Carminha e Nina tornou-se
mais atraente que a disputa entre Obama e Romney.
Outro
que desperta muita atenção é o pleito municipal. Nem tanto pela farta pobreza
do horário político ou pelo obscuro brilhantismo dos candidatos. O que deixa a
turma “ligadona” é a surpreendente mesmice com que se desenrola, somada aos originais
incômodos de sempre. Cartazes de candidatos, mal posicionados em esquinas,
prejudicam os transeuntes e dificultam a visão dos motoristas. Carros de som
invadem ruas e avenidas, atrapalhando o trânsito e agredindo os mais
resistentes tímpanos. Nos comícios e passeatas predominam militantes
remunerados, posando de simpatizantes, e engarrafamentos que não traduzem adesão
popular.
Destaque
tem sido também a Seleção Canarinho. Com clássica mediocridade, vem
colecionando entusiásticas vaias, tipo as que lhe foram dadas no último jogo
contra a Argentina. E há grande chance de o técnico Mano Menezes seguir
prestigiado, caso os argentinos vençam a próxima partida (03/10); Felipão que o
diga!
O
escândalo Cachoeira foi pro vinagrete. Parece que a CPI incumbida de apurá-lo achou
melhor trancar as comportas, até após as eleições. Uma criticada forma de reduzir
a turbulência da catarata em que podem se afogar muitos políticos. Mas, de olho
no lance, o povo cobra a normalização dos trabalhos e a indicação dos ilustres culpados.
O
campeão de audiência, entretanto, continua sendo o julgamento do “mensalão”, no
Supremo Tribunal Federal (STF). É onde, sob olhares suplicantes, renasce a esperança
de um Brasil afinal disposto a julgar e punir os responsáveis pela corrupção que
o devasta. Ali a justiça permanece cega, mas a maioria dos ministros não tem
fechado os olhos diante dos delitos atribuídos aos réus. Muitas condenações já
aconteceram e outras tantas são aguardadas.
Turbinando
esse festival de sucessos, outro espetáculo entrou em cartaz. Uma inconfidência
atribuída ao empresário Marcos Valério colocou Lula no epicentro do rumoroso “mensalão”.
Segundo veiculado pela revista Veja, o operador do esquema teria dito que o
ex-presidente "era o chefe" e "comandava tudo". Acrescentou
que “não podem condenar apenas mequetrefes. Só
não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio (Soares), e o Zé (José Dirceu) não
falamos".
Uma
vez que isso não foi confirmado ou contestado à altura, fica “tudo como dantes
no quartel de Abrantes”.
De
concreto, só a convicta dúvida se Lula foi alça de caneca ou salsicha de
cachorro quente, no banquete do escândalo. Coisa que as autoridades podem e
devem apurar ... com lupa.