domingo, 19 de abril de 2015

ADEUS, GISELE!

                Nada de marasmo, calmaria ou paradeira.  A temporada 2015 tem sido pródiga em agitos e acontecimentos bombásticos.
            Tudo começou com a posse da Dilma Rousseff no seu segundo mandato. Nada demais, exceto o fato de ela haver assumido com ares de quem herdava um governo que só teria feito besteiras. A pretexto de ajustar a economia do país, mandou às favas o discurso de campanha. Elevou juros e impostos, reduziu benefícios do trabalhador, majorou o custo da energia elétrica e dos combustíveis, afora outras medidas que só contribuíram para aumentar a inflação e o descontentamento popular. Esquecida de que sucedeu a si mesma, Dilma agora tenta colocar cadeado numa porta que ela própria arrombou. E espera que o povo confie na sua capacidade para tanto. Mas isso é tema para especialistas.
            Melhor falar de mais coisas que também chamaram a atenção e mexeram com os nervos de brasileiros e brasileiras.
            Em termos urbanos, o destaque ficou por conta do gigantesco incêndio irrompido em um depósito de combustíveis próximo ao Porto de Santos. As chamas arderam por quase 10 dias, provocando o que já é considerado um dos maiores desastres comerciais do Brasil. Não houve mortes. Entretanto, afora incalculáveis prejuízos financeiros, são enormes os danos causados ao meio ambiente e aos moradores da área.
            Enquanto a Baixada Santista era abalada pelo fogo, na Câmara dos Deputados o tumulto ficou por conta de ratos que um servidor da Casa soltou no plenário da CPI da Petrobras. Era o momento em que João Vaccari Neto, agora ex-tesoureiro do PT, entrava no recinto, para prestar depoimento. Em meio à confusão, não faltou um engraçadinho aconselhando que ninguém se apavorasse, pois os bichinhos eram meros assessores de Vaccari. Sempre espirituoso, o humorista José “Macaco” Simão preferiu dizer que os roedores “foram visitar os colegas”. Logo contornado, o incidente em nada prejudicou a sessão. Isso coube ao depoente, que, desobrigado de dizer a verdade e de até mesmo responder às perguntas que lhe fossem formuladas, se limitou a irritar seus inquisidores. Vexame total!
            As manifestações de rua, no último domingo (12), foram marcantes, mas não tanto quanto seus organizadores esperavam. A adesão popular foi menor do que a contabilizada no movimento do 15 de março anterior. Segundo fontes oficiais, o governo recebeu com alívio esse resultado, mas prefere não se iludir. Na “cozinha” do Planalto, ninguém ignora que permanece alto o desagrado popular. Em análise que coincide com a da oposição, a ex-ministra Marina Silva disse que “menos gente nas ruas não significa menor insatisfação; ao contrário, pode até significar um aumento da desesperança, o represamento de uma revolta que pode retornar mais forte depois de algum tempo”. O problema é que protestos são como surpresas: se muito combinados e repetitivos, acabam perdendo a graça e a força.
            Política à parte, o que de fato marcou a atual temporada foi a inesperada atitude da bela Gisele Bündchen, que, na última quarta-feira (15), abandonou as passarelas. A despedida aconteceu na 39ª edição do São Paulo Fashion Week, onde a famosa top model comandou um emocionante desfile “verão 2016” da consagrada grife Colcci.

            A prisão do petista João Vaccari Neto, efetuada pela Polícia Federal, na mesma data, como parte da Operação Lava-Jato, poderia ter ofuscado o adeus de Gisele, mas ficou longe disso. A explicação é que a opinião pública, acostumada a tantos impactos, não mais se excita com a captura de coadjuvantes. Prefere guardar emoções para quando chegar a vez dos atores principais. Questão de tempo!

- Diário do Rio Doce (19.04.2015)