Nada
de marasmo, calmaria ou paradeira. A temporada
2015 tem sido pródiga em agitos e acontecimentos bombásticos.
Tudo
começou com a posse da Dilma Rousseff no seu segundo mandato. Nada demais, exceto
o fato de ela haver assumido com ares de quem herdava um governo que só teria
feito besteiras. A pretexto de ajustar a economia do país, mandou às favas o discurso
de campanha. Elevou juros e impostos, reduziu benefícios do trabalhador, majorou
o custo da energia elétrica e dos combustíveis, afora outras medidas que só contribuíram
para aumentar a inflação e o descontentamento popular. Esquecida de que sucedeu
a si mesma, Dilma agora tenta colocar cadeado numa porta que ela própria arrombou.
E espera que o povo confie na sua capacidade para tanto. Mas isso é tema para especialistas.
Melhor
falar de mais coisas que também chamaram a atenção e mexeram com os nervos de brasileiros
e brasileiras.
Em
termos urbanos, o destaque ficou por conta do gigantesco incêndio irrompido em
um depósito de combustíveis próximo ao Porto de Santos. As chamas arderam por
quase 10 dias, provocando o que já é considerado um dos maiores desastres
comerciais do Brasil. Não houve mortes. Entretanto, afora incalculáveis
prejuízos financeiros, são enormes os danos causados ao meio ambiente e aos
moradores da área.
Enquanto
a Baixada Santista era abalada pelo fogo, na Câmara dos Deputados o tumulto ficou
por conta de ratos que um servidor da Casa soltou no plenário da CPI da
Petrobras. Era o momento em que João Vaccari Neto, agora ex-tesoureiro do PT,
entrava no recinto, para prestar depoimento. Em meio à confusão, não faltou um
engraçadinho aconselhando que ninguém se apavorasse, pois os bichinhos eram meros
assessores de Vaccari. Sempre espirituoso, o humorista José “Macaco” Simão preferiu dizer que os roedores “foram visitar os colegas”. Logo contornado, o
incidente em nada prejudicou a sessão. Isso coube ao depoente, que, desobrigado
de dizer a verdade e de até mesmo responder
às perguntas que lhe fossem formuladas, se limitou a irritar seus inquisidores. Vexame
total!
As manifestações de rua, no último
domingo (12), foram marcantes, mas não tanto quanto seus organizadores
esperavam. A adesão popular foi menor do que a contabilizada no movimento do 15
de março anterior. Segundo fontes oficiais, o governo recebeu com alívio esse
resultado, mas prefere não se iludir. Na “cozinha” do Planalto, ninguém ignora
que permanece alto o desagrado popular. Em análise que coincide com a da
oposição, a ex-ministra Marina Silva disse que “menos gente nas ruas não
significa menor insatisfação; ao contrário, pode até significar um aumento da
desesperança, o represamento de uma revolta que pode retornar mais forte depois
de algum tempo”. O problema é que protestos são como surpresas: se muito combinados e repetitivos, acabam
perdendo a graça e a força.
Política à parte, o que de fato marcou
a atual temporada foi a inesperada atitude da bela Gisele Bündchen, que, na
última quarta-feira (15), abandonou as passarelas. A despedida aconteceu na 39ª
edição do São Paulo Fashion Week, onde a famosa top model comandou um
emocionante desfile “verão 2016” da consagrada grife Colcci.
A prisão do petista João Vaccari
Neto, efetuada pela Polícia Federal, na mesma data, como parte da Operação
Lava-Jato, poderia ter ofuscado o adeus de Gisele, mas ficou longe disso. A
explicação é que a opinião pública, acostumada a tantos impactos, não mais se
excita com a captura de coadjuvantes. Prefere guardar emoções para quando chegar
a vez dos atores principais. Questão de tempo!
- Diário do Rio Doce (19.04.2015)