por Etelmar Loureiro
- Diário do Rio Doce – 28.03.2019
A
história valadarense inclui múltiplos e respeitáveis personagens. Gente oriunda
não só das localidades circunvizinhas, mas de várias outras partes do país. Pessoas
que, atraídas pelas chances de trabalho e pelos recursos naturais da região, vieram
em busca da realização de seus sonhos e ideais. Muitos procederam da mineira Virginópolis,
cidade que fica a menos de 120 quilômetros de Governador Valadares.
Nesse sentido, para
aqui se deslocaram em grupos familiares, e, com muito esforço, persistência e
amor à terra, se incluíram entre os grandes responsáveis pelo desenvolvimento
local. Figuras notáveis como Antônio Rodrigues Coelho, Sinval Rodrigues Coelho,
Jair Rodrigues Coelho, João Magalhães Neto, Joaquim Campos do Amaral, Cyr
Rodrigues Coelho, Gastão Magalhães, todos da “terra das jabuticabas”, são
apenas algumas das já se foram, deixando valioso legado e gratas recordações. Mas,
contemporâneo dessa turma, há um virginopolitano que ainda se faz presente em
Valadares, firme e forte, distribuindo simpatia, lucidez, bons conselhos e
demonstrando que a idade é mera questão de calendário. O afortunado é Otávio
Coelho de Magalhães, que, no último dia 21, celebrou 100 anos de felizes e
alegres momentos, compartilhados com três filhos e cinco filhas, frutos de seu
casamento com Maria José Coelho de Magalhães, já falecida. Seu precioso
“acervo” se completa com 30 netos, seis bisnetos e um trineto. Tá bom, ou quer
mais?!
A
biografia de Otávio de Magalhães, como não poderia ser diferente, é das mais pródigas,
contendo distintos e empolgantes registros. Logo que chegou a Valadares, em
1934, ele foi trabalhar com seu irmão, Geraldo Coelho de Magalhães, em um bar localizado
no “Torresmo”, parte da antiga zona boêmia da cidade. Depois disso, teve seus
próprios negócios, entre bares, serraria, depósito de materiais de construção e
postos de gasolina, quase sempre em parceria com seus irmãos e filhos.
Desportista nato, participou
da criação do Cruzeiro Esporte Clube, que presidiu por muito tempo, uma das
expressivas agremiações de sua época, vencedora do primeiro campeonato de
futebol valadarense, em 1948. Na ocasião, o clube, hoje sediado na parte baixa
da Avenida Brasil, desenvolvia suas atividades na Rua Olegário Maciel, em um
campo cedido pelo Colégio Ibituruna. Entusiasta das iniciativas populares, ele
esteve também à frente da Lira Trinta de Janeiro, que comandou por mais de uma
vez.
Mas foi na política,
ligado à antiga UDN, que ele mais se destacou. Muito benquisto, exerceu cinco
mandatos de vereador, numa época em que, segundo o próprio, “vereador não tinha
remuneração; era um trabalho de serviço público. Deveria ser assim até hoje”.
Na vida pública desempenhou
inúmeros outros cargos, entre eles o de Diretor Executivo da antiga Fundação
Hospitalar, no período em que foram retomadas e concluídas as obras do Hospital
Municipal. Foi ainda Chefe de Obras do SEMOV, quando, na condição de autarquia,
o órgão promoveu inúmeras obras de urbanização da cidade, entre elas a abertura
e pavimentação da Avenida Brasil.
Hoje, em seu merecido
repouso de guerreiro, curte a companhia de seus familiares e amigos. Na
plenitude de suas condições físicas e mentais, gosta de rememorar os bons
momentos que a vida lhe proporcionou, sem abdicar da esperança de dias ainda
melhores.
Suas grandes virtudes
continuam sendo a simplicidade, a modéstia e a dignidade que sempre marcaram o
seu especial jeito de ser.
Celebrar
um centenário é inabalável motivo de júbilo e satisfação, mesmo quando o
homenageado só existe na memória. Se ele se faz presente, de corpo e alma, o
prazer é redobrado. Brindemos, pois, aos 100 anos de Otávio Coelho de Magalhães,
esse admirável ser humano, filho de Virginópolis, que se tornou um valadarense
de coração. Méritos ele os possui, em abundância!