Na
faz sentido, tampouco é justo falar em surpresa ou decepção na reforma
ministerial que a presidente Dilma Rousseff anunciou na última sexta-feira.
Em
verdade, nenhum brasileiro minimamente esclarecido esperava nem mais nem menos
do que foi feito.
Pelo
contrário, desde que passou a ser cogitada, sabia-se que a medida não passaria
de mera maquiagem. Nada além de uma simples dança de cadeiras, com o objetivo
de facilitar a aprovação de matérias de interesse do governo no congresso, em
especial o ajuste fiscal, e dificultar a instalação de um eventual processo de
impeachment da presidente.
No
final das contas, os grandes beneficiários das mudanças foram Lula e o PMDB.
O ex-presidente,
porque conseguiu recolocar em pontos-chave homens de sua confiança, como
Jacques Wagner, nomeado para Casa Civil, em lugar de Aloízio Mercadante, que
nunca teve sua simpatia.
O partido do
vice-presidente, Michel Temer, ampliou de seis para sete os ministérios sob seu
controle.
Na análise de Igor
Gielow, diretor da sucursal de Brasília da Folha de São Paulo, “o governo que
tomou posse em 1º de janeiro acabou na manhã desta sexta-feira (sic), 275 dias
depois de começado. Dilma Rousseff ainda é presidente, mas a sucessão de erros
do Planalto e o agravamento da crise político-econômica deu à luz uma criatura
híbrida: a cabeça de Luiz Inácio
Lula da Silva voltou a mandar no Planalto, o varejo da Esplanada foi dado de
vez ao PMDB”.
Novamente,
os interesses do povo foram desconsiderados.
Em
resumo, as mais destacadas providências anunciadas por Dilma foram a extinção
de oito ministérios e de três mil cargos comissionados, a eliminação de 30
secretarias ligadas a ministérios, a redução de 10% nos salários da presidente,
do vice e dos ministros, e o corte de até 20% nos gastos de custeio do governo.
Pela
estimativa oficial, haverá redução de R$ 200 milhões nos gastos da União.
Uma
análise superficial mostra que isso pouco representa, frente a um rombo
orçamentário que, em 2016, deverá ultrapassar a casa dos R$ 60 bilhões.
Ao
mesmo tempo, Dilma anuncia o corte de 3.000 cargos comissionados, num universo
que, só na administração direta, gira em torno de 22.000 postos. Se considerada
a administração indireta, calcula-se que o número de pessoas empregadas por
livre nomeação, sem necessidade de concurso, seja superior a 100.000.
Conclui-se,
pois, que o governo está agindo como uma grande empresa que corta o cafezinho
oferecido aos clientes, na tentativa de evitar uma falência. Ou, ainda, aquele
indivíduo que usa “Band-Aid”, para curar câncer.
O
pior é que, na ânsia de se preservar no Poder, os governantes acabam adotando
decisões tresloucadas, que só contribuem para tornar mais nítida a sua incompetência
e agravar o descontentamento popular.
O
país não mais suporta esse clima de instabilidade político-econômica em que se
encontra.
A
cada dia, as coisas se tornam mais difíceis para o povo, que, por mais azar,
também se ressente da falta de uma liderança lúcida, autêntica, vigorosa e
carismática, em que possa depositar esperanças de melhoras.
O
jeito tem sido rezar. Com muita fé!
- Diário do Rio Doce
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