O célebre Moraes Moreira, em uma de suas festejadas composições, reconheceu que
“a mulher e a cidade / representam para mim / amor e liberdade. / A cidade é
uma moça / também não tem idade. / É o espírito, a força da
mocidade”.
Parecidas em muitos aspectos, se distanciam no modo de sentir os efeitos do
tempo.
Despercebido enquanto ela é jovem, o passar dos anos acaba se tornando algoz da
mulher. Faz retrair suas energias, inibe-lhe o ânimo, modifica sua beleza
externa, antes de tirá-la de
cena.
Já para a cidade, o adiantar do
calendário tem efeito renovador. Abre horizontes, induz crescimento, progresso,
consagra usos e costumes ou revela novas vocações. Para o bem ou para o mal, em
algum sentido a cidade vai em frente; dificilmente retrocede.
Quem
há muitos anos conhece Valadares percebe o quanto o aumento da idade lhe tem
sido benéfico. O efeito renovador salta à vista.
Desde a emancipação política, em 30/01/1938, sua história registra constantes avanços
de maior ou menor intensidade. Transformou-se no pólo econômico regional, com
larga influência sobre o leste e o nordeste mineiros, mais algumas áreas do
Espírito Santo.
Mesmo sem céu de
brigadeiro, sempre há teto e coragem para voar.
A cidade vem
acumulando importantes conquistas; a Universidade Federal é uma delas. Sua recente
inclusão na área de ação do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de
Minas (Idene) é outro grande passo rumo ao desenvolvimento. O Hospital Regional
e o Hospital da Unimed, ambos sendo construídos, contribuirão para consolidar a
excelência dos recursos médicos locais. Enquanto isso a construção civil e
outros ramos da atividade privada se juntam às ações institucionais para sustentar
bons índices econômicos. E não seria absurdo apostar em dias melhores, se cumpridas
as promessas de modernização do Aeroporto Coronel Altino Machado, de duplicação
da BR-381 e de extensão do gasoduto até Valadares.
A localização
estratégica, o perfil geográfico, a tranqüilidade político-social, a boa
estrutura urbana, a estabilidade econômica e a visão empreendedora de suas
lideranças são qualidades que explicam esse cenário.
Como toda cidade e
toda mulher, Valadares requer manutenção periódica. Um retoque na maquiagem, um
“reaperto” no esqueleto, um check-up, uma limpeza de pele, uma tintura de
cabelos são imprescindíveis, saudáveis e fazem parte da rotina e da vaidade.
Na
próxima quinta-feira, a cidade chegará aos 76 anos, sem demonstrar necessidade
de uma grande recauchutagem. Nada de silicones, lipoaspirações ou redução de
estômago; “tá tudo em cima”! Quando muito, um botox aqui ou acolá.
Bonita e cativante, faltam-lhe apenas mais pretendentes de visão, que tenham
dote, disposição e seriedade para investir no seu potencial.
Dispensados, lógico,
os príncipes encantados que proporcionam a maravilhosa noite de Cinderela,
seguida de uma frustrante vida de Gata Borralheira. De “malas”, oportunistas e
enganadores Valadares já se cansou.