domingo, 4 de novembro de 2012

PARTIDO EM ALTA

           
Passadas as eleições, é normal que os eleitos deixem o gramado e se recolham às suas tocas. Vão se refazer das refregas de campanha, rever planos de trabalho, formar equipes, costurar alianças políticas, enfim dar os últimos retoques no “modus operandi” que irão adotar a partir da posse.
Enquanto isso, os analistas políticos entram em campo, para medir os resultados do pleito.
Vitórias, derrotas, alterações de cenários e comportamentos políticos, tudo se torna alvo de especulações e das mais diferentes opiniões. Cada um tem sua forma de retratar cenários e de interpretar resultados.
Num ponto todos estão de acordo e preocupados, inclusive o Tribunal Superior Eleitoral (TSE): a representação política que mais cresceu nos últimos anos foi o imaginário Partido dos Brasileiros Revoltados (PBR), formado pela turma que votou em branco, anulou o voto ou se absteve de votar. No segundo turno, a legenda somou mais de 26 por cento do eleitorado, batendo o recorde alcançado no pleito 2000. Conquistou um em cada quatro eleitores.
De fato, nas últimas eleições municipais, nunca houve tamanho desinteresse por uma disputa eleitoral. E não adianta querer jogar a culpa no julgamento do “Mensalão”, nas lutas MMA, nas pífias exibições da Seleção Brasileira ou nas novelas da Globo. A questão é que o nosso sistema político apresenta nítidos sinais de exaustão. O povo não mais suporta conviver com dezenas de partidos, muitos deles de aluguel, mantidos para negociação de cargos públicos e de espaço no horário eleitoral, afora outras razões inconfessáveis. Também não admite que os cargos políticos permaneçam como o emprego mais bem remunerado e sujeito à menor jornada de trabalho, a serviço de malandros de toda estirpe.
A abstenção, embora também indicativa do desinteresse popular, ainda permite uma análise mais condescendente, pois incluiu doentes, brasileiros que estavam no estrangeiro, maiores de setenta anos, e outros impedidos ou desobrigados de votar.
Preocupantes, entretanto, são aqueles cujo “tô fora” (nada a ver com Toffoli) foi decidido frente a frente com a urna. Este, sim, o protesto mais contundente.
São fatos incontestáveis, dignos de profunda reflexão.
Pelo visto, as coisas só irão se modificar quando o eleitor puder usufruir de um novo modelo político. Isso depende da grande reforma institucional há muito reivindicada e sempre postergada pelas autoridades nem sempre responsáveis.
Parece que a dificuldade tem sido confiar uma missão séria a políticos que não merecem a menor confiança. Compreensível!