domingo, 3 de novembro de 2013

NA HORA CERTA


A violência não é problema incomum, tampouco exclusividade de qualquer nação. Pelo contrário, é mal genérico e banal.  Com maior ou menor intensidade, acontece no mundo inteiro.
No Brasil, se alastrou de tal forma, que ficou endêmica e fora de controle. Cada vez mais pavorosos, os índices crescem com incrível velocidade, como se nada fosse capaz de interceptar seus formadores.
Nos quatro cantos do país a insegurança e o medo tomam conta da sociedade. Mulheres, idosos e crianças são as maiores vítimas.
A mídia despeja uma enxurrada diária de notícias sobre roubos, assassinatos, sequestros, estupros e outros delitos. Crimes das mais diferentes naturezas acontecem com impressionante frequência.
Repetindo John Lennon, "Vivemos num mundo onde temos que nos esconder para fazer amor, enquanto a violência é praticada à luz do dia". Nossa Constituição diz que a segurança pública é dever do Estado, mas deve ser compromisso de todos. Sob esse fundamento, fica claro que o êxito do combate à violência depende de mútua colaboração entre a sociedade e as forças oficiais.
Igual entendimento foi demonstrado pelo papa Bento XVI, no encerramento da 81ª da Assembleia Geral da Interpol (nov/2012). Naquela ocasião, Sua Santidade defendeu que "combater a violência é um compromisso que deve envolver não só as instituições e organismos, mas a sociedade como um todo, incluindo as entidades religiosas. Cada um tem a sua parcela específica de responsabilidade por um futuro de justiça e de paz".
Trocando em miúdos, na luta contra a brutalidade não bastam uma polícia de boa qualidade e um judiciário competente. Impõem-se também investimentos na saúde, educação, transporte habitação e outros serviços públicos, além de mais justa distribuição de renda e medidas geradoras de empregos. Exige sobretudo forte mudança nas políticas públicas e maior participação da comunidade nos debates e equacionamento do problema.
Dados do “Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil” deixam Minas em posição desconfortável entre os estados do Sudeste. Foi o único a registrar aumento no número de crimes. Ainda assim, o governo mineiro tem dado provas de que o combate ao mal está entre suas metas. Independentemente do que vem sendo feito em outras áreas do estado, Governador Valadares é bom exemplo dessa conduta.
Desde novembro de 2011, a cidade conta com o Programa Olho Vivo, que instalou 54 câmeras de videomonitoramento para diminuir o índice de delinquência. Tudo graças a uma profícua parceria entre a Prefeitura e o governo do Estado. O resultado foi uma queda superior a 50% no número de crimes violentos registrados nos primeiros cinco meses de 2012, em comparação com igual período do ano anterior (dados da Polícia Militar de Minas Gerais).
Outra demonstração de intolerância para com a violência aconteceu na última quarta-feira (30). A 8ª Região da PMMG, aqui localizada, recebeu 20 novas viaturas a serem utilizadas no trabalho de prevenção e repressão à criminalidade. Segundo o coronel Sérgio Henrique Soares Santos, comandante da unidade, “este é apenas o primeiro lote de viaturas recebidas. Outros 73 veículos serão entregues em 2014”.
O presente chegou em boa hora e a comunidade está grata. Mas não é suficiente para alcançar o que se pretende. O inimigo é forte e, para derrotá-lo, há necessidade de muito mais.
Tudo bem que “de grão em grão a galinha enche o papo”. Na briga contra a violência, entretanto, haja grão para tamanho papo. Aqui ou acolá.