sábado, 11 de maio de 2013

CURIOSA CURIOSIDADE

          A violência impera, a inflação prospera e o descontrole prepondera, enquanto o medo, a desilusão e a revolta tomam conta de um país que parece mergulhado no inferno zodiacal.
           Nada a ver com Argentina, Venezuela, Bolívia e outras nações que igualmente padecem de problemas conjunturais, agravados pela inoperância governamental, pela politicagem e forte corrupção. Lá também a barra está pesada, mas o povo é menos manso, menos resignado e mais aguerrido.
           O foco é o Brasil, onde a cada dia a situação piora, tornando-se mais complicada e difícil de administrar. Acabou-se o que era doce!
Tensão e insegurança invadiram praças, avenidas, residências, escolas, agências bancárias, igrejas, casas de festas, estádios esportivos, shoppings e outros locais antes tranquilamente freqüentados pelo cidadão de bem. Os bandidos comuns ocuparam todos os espaços, praticando os mais variados e perversos crimes. Seus delitos dominam os noticiários, concorrendo de igual pra igual – quando não suplantando – com os cometidos pelos criminosos de colarinho branco, que antes reinavam absolutos.
Tão insuportável quanto a agressão física é o abuso inflacionário a que o brasileiro vem sendo submetido. Processo alimentado por uma política econômica mal conduzida, que o governo tenta camuflar com medidas paliativas incapazes de surtir efeito. No confronto entre preços em alta e salários reprimidos, a corda sempre arrebenta no lado mais fraco; aí mora o perigo!
Mas as agruras do patropi não ficam só nisso.
É notório que muitas das dificuldades enfrentadas pela nação decorrem dos excessivos gastos oficiais. A máquina governamental consome preciosa parcela de tudo o que o país arrecada. Muita gente ganha, gasta e nada produz. Apadrinhados, sem a mínima qualificação para exercer os cargos com que foram contemplados, são mantidos em troca de apoio político. E a coisa se agravou nos últimos anos, quando o executivo optou por aumentar sua base aliada, recorrendo ao “é dando que se recebe”. Um jogo em que vale tudo, até mesmo incoerência, deslealdade, cinismo e outras atitudes mau-caratistas.
A idéia do 39ºministério do atual governo dispensa melhor exemplo. Demonstrando absoluta falta de ideológica, Guilherme Afif Domingos (PSD), vice-governador de São Paulo, estado governado por um tucano, aceitou convite e assumiu uma pasta no governo petista, pretendendo acumular esses cargos. No discurso de posse, teve a cara de pau de afirmar que "todos criticamos e gostaríamos que (o Estado) fosse mais enxuto". Pior é que foi enaltecido e compreendido por seus parceiros.
E ninguém se surpreenda com a próxima concepção do Ministério da Imortalidade, a ser entregue ao eterno Senador Sarney, aí com toda lógica.
Depois disso, o jeito será recorrer ao Legião Urbana, para saber que país é esse.

domingo, 5 de maio de 2013

BRIGA DE CACHORRO GRANDE


            Já não era das mais afáveis a relação entre o Judiciário e o Legislativo, culpa da Proposta de Emenda à Constituição 37, popularmente conhecida como "PEC da Impunidade", que tira o poder de investigação dos Ministério Público, estadual e federal, limitando a atribuição às polícias.
         Os contrários à emenda entendem que, se aprovada, ela poderá inviabilizar investigações sobre crime organizado, formação de quadrilhas, desvio de verbas, abusos praticados por agentes públicos, violações de direitos humanos e outras maracutaias.
         Ainda bem que o presidente da Câmara mandou sustá-la, em busca de uma solução de consenso entre os envolvidos.
         Mas a tensão aumentou na última semana, quando duas outras decisões se confrontaram.
         De um lado, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, em caráter liminar, a tramitação no Congresso do Projeto de Lei que estabelece restrições à criação de partidos políticos.
         Ao mesmo tempo, como numa queda de braços, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal aprovou a PEC 33, de autoria do quase desconhecido deputado Nazareno Fontelles (PT-PI).  A proposta confere aos parlamentares a prerrogativa de rever decisões do STF e altera as regras para declaração de inconstitucionalidade de leis aprovadas pelo Congresso.
         Chamada PEC da Submissão, a matéria foi mal recebida pelo Judiciário.
Enquanto o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, afirmava que ela fragiliza a democracia, o ministro Marco Aurélio, também do STF, falava de agressão à cláusula pétrea da Constituição que trata da separação dos poderes da República. Mais contundente, Gilmar Mendes disse ser “melhor que se feche o Supremo Tribunal Federal” caso a proposta seja aprovada pelo Legislativo.
Também o povo está indignado. Onze em cada dez cidadãos sensatos acreditam que a decisão da CCJ foi nitidamente revanchista, objetivando tumultuar o processo e favorecer os condenados no “mensalão”, dois dos quais – José Genoíno e João Paulo Cunha – incluídos entre seus membros efetivos.
Pode até ser que a infeliz ideia não prospere. Também é possível que não tenha passado de brincadeira de mau gosto, blefe ou irresponsabilidade de um parlamentar desejoso de aparecer e subserviente a interesses escusos de parceiros não menos insensatos. Mas o estrago foi feito.
Por mais que as autoridades tentem agora dissimular, a crise existe e é uma parada entre pesos pesados.      
Perplexo, o país assiste a uma predatória disputa entre poderes, que, longe de demonstrar a supremacia de qualquer das partes, mais expõe a fragilidade de ambas.
Um velho provérbio diz que, quando o mar briga com o rochedo, quem apanha é o marisco.
Na vida pública, quando digladiam forças que deveriam se complementar harmoniosamente, o muito que se consegue é uma vitória de Pirro. Mas o país perde sempre, e pra valer. Tem sido regra do jogo.