A
temporada eleitoral de 2014 atinge o seu término. Confirmando que “não há bem que sempre dure,
nem mal que nunca se acabe”, é o momento de a onça beber água.
Depois
de extensa caminhada, em que muito se ouviu, mas pouco se aproveitou, chegou o
dia de o brasileiro escolher o próximo presidente da República.
O
que teve duração mínima foi a esperança de que a disputa se convertesse num
fórum de boas discussões. Em oportunidade para que relevantes temas nacionais
fossem tratados de maneira franca, ampla, objetiva e séria. Até para
fundamentar e dar credibilidade às promessas dos candidatos.
Isso
não ocorreu. Embora acirrados, os debates foram medíocres, sem consistência ou
criatividade. Em lugar de discutir ideias e projetos, os adversários privilegiaram
uma inútil troca de acusações, em que o sujo criticava o mal lavado. Na base de
violentos ataques e grotescas pegadinhas, um procurava desconstruir a imagem do
outro. Autênticos “barracos” orquestrados por marqueteiros.
Meio
assombrado, diante de tanta agressividade, o povo vai às urnas sem saber o que
Dilma Rousseff ou Aécio Neves realmente pretendem fazer pela nação.
O corte de gastos
públicos, a redução dos impostos, a diminuição dos juros e o ajuste cambial
foram apenas alguns dos temas em que não quiseram se aprofundar ou simplesmente
ignoraram, apesar de sua importância para o futuro do país. Ninguém sabe, por
exemplo, se e como eles planejam enxugar a máquina pública, promover as reformas
política e tributária, reduzir a maioridade penal, combater a violência urbana
e a discriminação racial, e praticar outras ações insistentemente reclamadas
pela sociedade. Preferiram render-se à beligerância e à futilidade.
Tumultuada por
acontecimentos inesperados, e agitada por acalorados bate-bocas, a eleição está
sendo vista como a mais disputada desde a redemocratização do país. Na opinião
de Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, é a “mais difícil da
história”. Decepcionou, porém, em termos
de civilidade. A baixaria representou o que de mais longo e indesejável poderia
acontecer.
No cômputo geral,
entretanto, foi mais um grande passo rumo à consolidação democrática do país. O
“meu bem, meu mal” que ora incomodou, ora empolgou e, agora, só voltará no
próximo pleito. Até lá, nada de horários políticos, propagandas, comícios,
carreatas, pesquisas, mensagens virtuais e outras “benesses" que fizeram a
alegria de uns e a outros aporrinharam.
Logo mais, os vencedores
estarão comemorando. Para eles, a batalha terá sido tão boa que seu término
deixará saudade. Do outro lado, tristes derrotados agradecerão o fim de um
período estafante e inglório. Tempo em que nadaram muito, pra morrer na praia.
Faz parte do jogo!
Para isso, o ciclo
tem que se fechar. Voto anulado, em branco ou abstenção é covardia, pura
sacanagem. Não condiz com o cidadão responsável.
O Brasil espera que
todo eleitor cumpra o seu dever. Inclusive aquele para quem, nesta eleição, votar
é como tomar injeção no bumbum: sabe que vai doer, mas só lhe resta escolher o
lado. Ossos da cidadania!
- Jornal de Domingo
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