Oficial
e humildemente admitida a quebradeira do país, a preocupação de nossas
autoridades – se é que elas se preocupam com algo além dos próprios interesses
– é agora o que fazer pra sair da enrascada. A situação está pior do que a da
equipe da Cruz de Malta no Campeonato Brasileiro.
Sempre
comodistas e ambiciosos, os gênios da área econômica logo conceberam um ajuste
fiscal, envolvendo aumento de impostos, elevação de juros, redução de direitos
trabalhistas e previdenciários, afora outras maldades. Para tapar o rombo, pouco
importa arrombar o povo.
O
tiro saiu pela culatra. A inflação disparou, o dólar acompanhou, o desemprego
aumentou, a recessão se instalou, e tome rimas.
Como
se o estrago não estivesse de bom tamanho, ameaçam criar novos tributos, além
de majorar os já existentes. Despudoradamente, querem que o contribuinte banque
as mancadas e falcatruas até agora cometidas por administradores incompetentes,
políticos desonestos, lobistas e empreiteiros pilantras que há muito vêm
saqueando os cofres do Tesouro.
Porém
a resistência a esses propósitos indecorosos mostra-se grande, maior do que a
esperada.
Não
só o povo, mas até mesmo algumas surpreendentes lideranças políticas têm se
insurgido contra mais essa extorsão. Chega de sacrifícios!
Exausta
de pagar por erros e crimes que não cometeu, a sociedade exige que, primeiro, o
governo faça sua parte. Marráia!
Além
de medidas morais que restabeleçam a confiança na dignidade dos homens públicos
e na austeridade de suas ações – meta difícil de ser alcançada –, pretende-se o
enxugamento dos gastos públicos, de modo a compatibilizá-los com a arrecadação
oficial.
Um
dos primeiros passos seria a redução do número de ministros, hoje na marca dos
39, colada nos 40 que celebrizaram a equipe de Ali-Babá.
Segundo
dados publicados pela revista ISTOÉ, edição 2365, “os 39 ministérios de Dilma
custam mais de R$ 400 bilhões por ano e empregam 113 mil apadrinhados. Só os
salários consomem R$ 214 bilhões - quase quatro vezes o ajuste fiscal que a
presidente quer fazer à custa da sociedade”.
Vale
lembrar que Getúlio Vargas mantinha apenas 11 pastas de primeiro escalão.
Juscelino governou com 13. Os militares se satisfizeram com 16. Sarney aumentou para 25. Fernando Henrique terminou
seu mandato com 24. Lula chegou a 35. Criando mais quatro cabides de emprego,
Dilma tornou-se a recordista.
Convenhamos
ser um número exagerado, a ponto de comprometer a eficiência administrativa governamental.
Além disso, reforça o sentimento popular de que o objetivo principal é
preservar espaço para negociatas com partidos aliados, onde impera o “é dando
que se recebe”.
A
título de curiosidade, os Estados Unidos, a grande potência mundial, tem apenas
15 ministérios. Mais perto de nós, o Chile, com 20 órgãos da espécie, exibe o
maior IDH latino americano. O mais parecido com o Brasil é o modesto Gabão, o
único país com 40 ministérios.
Fortemente
pressionada, inclusive por alguns de seus coligados, a presidente Dilma, já
admite o corte de pelo menos 10 das pastas existentes e inúmeros cargos
comissionados. Mas diz que não dará prosseguimento a uma reforma administrativa,
enquanto permanecer aguda a crise política.
Nesse
clima de “vai num vai” presidencial, tramita na Câmara, já aprovada pela
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) que reduz para 20 a quantidade de ministérios. O autor da proposta é
ninguém mais, ninguém menos do que o deputado Eduardo Cunha, presidente da
Casa, hoje o mais fiel e cordial desafeto de dona Dilma.
Alguma
coisa ameaça “pintar”, além da derrocada do Vasco e da queda de seu
presidente. E não demora!
- Diário do Rio Doce