domingo, 8 de maio de 2011

O VOO SOLO DE AÉCIO

            Quando um casamento real, a beatificação do Papa João Paulo II e a morte do terrorista Osama Bin Laden compartilharam o mesmo espaço na mídia, fica difícil o destaque de outro fato.
  Nem mesmo o anúncio do prodigioso encontro e resgate das caixas pretas e dos restos mortais das vítimas vôo 447 da Air France mereceu tanta atenção.          
 Foi nesse ambiente que Aécio Neves decidiu abordar os ”desafios do crescimento sustentável”, em artigo publicado na terça-feira (3), pela Folha de São Paulo.
            Com um discurso não muito original, mas bem fundamentado, escreveu que “há importantes desafios a serem vencidos e uma nova agenda a ser enfrentada”.
            Melhorar a qualidade da educação básica no Brasil foi o primeiro desafio apontado. Na seqüência, a reforma tributária. A redução gradual do gasto público veio em terceiro lugar e, por último, a reforma do Estado.
            Admitiu que o país se desenvolveu nas últimas décadas. Mas, segundo ele, isso não é obra de um governo ou de um partido, sim fruto da ação da classe trabalhadora.  No seu entender, alcançamos um patamar em que “mais do mesmo” não basta para alimentar um necessário período de novos avanços.
            Os indícios são de que senador mineiro, percebendo que o PSDB está mais preocupado com picuinhas internas do que com os interesses nacionais, tem partido para ações individuais mais representativas e consistentes.
            No último primeiro de maio, em São Paulo, participou da Festa do Trabalhador, organizada por cinco centrais sindicais. Em pleno reduto de José Serra e Geraldo Alckmin, foi dele a iniciativa de censurar abertamente a omissão do governo federal em relação ao avanço da inflação e de alertar para o processo de desindustrialização pelo qual o Brasil vem passando.
            E continua dando demonstrações de que deseja briga. Na quarta-feira (3), quando da votação da medida provisória “árvore de natal” – assim rotulada por tratar de oito assuntos diferentes – estava entre os que lideravam a oposição, no momento em que ela em peso abandonou o plenário.
            Na saída, aproveitou-se para alfinetar que “meu esforço hoje é para fortalecer as oposições. Mas parece que quem mais vai nos ajudar nisso será o próprio governo, com sua tibieza no combate à inflação, na sua falta de vigor para enfrentar as reformas necessárias e diante da fragilidade na gestão da infraestrutura”.
            Pode ser que todo esse barulho tenha o objetivo de fazer esquecer o episódio em que Aécio foi parado em blitz da Operação Lei Seca, no Rio de Janeiro, quando se recusou a soprar o bafômetro.
            Se for o caso, tomara que o constrangimento se repita com os demais políticos, como forma de despertá-los para o cumprimento do dever.