quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Rara Simbiose

            Não há como conter o otimismo diante dos horizontes que se abrem para Valadares e região.
            O ano novo desponta, trazendo oxigênio para sonhos que agonizam nos porões das falsas promessas e das embromações políticas.        
            Nota-se surpreendente convergência de fatores, uma simbiose que raramente acontece. Demonstração de que a troca de calendários – incapaz de produzir milagres – pode mudar cenários e adubar esperanças.
            Em Brasília, Dilma Rousseff recebe os últimos retoques para subir a rampa do Palácio do Planalto e assumir a presidência do país.
Coincidentemente, uma mineira que empunha a mesma bandeira política de nossa prefeita. Alinhamento que já foi trunfo no relacionamento de Elisa Costa com o presidente Lula. E agora poderá facilitar o tête-à-tête entre duas executivas, tornando mais acessíveis e generosos os benefícios que Valadares pleiteia do governo. Sem contar que o deputado federal Leonardo Monteiro, gente de casa, veste a mesma camisa e tem bom trânsito no Poder central.
Em termos estaduais, Antonio Anastasia vai se tornar o governador mais familiarizado com os reclamos valadarenses e do Vale do Rio Doce. Aqui esteve por várias vezes, como assessor de Aécio Neves ou já em campanha. Não pode alegar desconhecimento de nossos problemas, muito menos ignorar ou relegá-los a um segundo plano. À vista do já que prometeu, não tem para onde correr.
Internamente, o quadro nunca foi tão promissor. Sem mais nem menos, deputados valadarenses e outros votados no município assumiram o compromisso de defender a aliança entre parlamentares de diversos partidos, reunindo forças para reivindicar benefícios do governo federal. E fazê-lo “sem tentativa de capitalizar politicamente os resultados”, tranqüilizou o respeitado líder e agora deputado José Bonifácio Mourão.
Nossos clamores, entre eles a duplicação da BR 381, a extensão do gasoduto, a universidade federal e a vinda de uma grande indústria, são por demais conhecidos. Só falta serem atendidos.
Restam poucas horas para mais um show de virada. O espetáculo terá nuances de sol da meia noite, relutante em se por, e força de uma alvorada ávida por raiar. Valadares faz parte e vai conferir.
No clímax, um lenço branco de Lulabye e boas vindas à Dilmaurora.
Feliz 2011!

A longa gargalhada

      
            Analistas anacrônicos estão em maus lençóis. Subestimaram, fizeram pouco caso, tentaram desacreditar, desmerecer, discriminar, apostaram tudo no “nada vai dar certo”. Erraram feio: Lula venceu e convenceu.
            Em 2002, nessa mesma época, o país tentava conciliar o clima de boas festas com nervosismo e incerteza em relação ao futuro político. Legítima e democraticamente eleito, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, fundador do PT e político de esquerda, em breve iria a assumir a presidência do Brasil.
Fernando Henrique Cardoso, grande sociólogo, tucano de alta plumagem, preparava-se para entregar o governo a um ex-operário simples e humilde, carente de maior cultura, mas pródigo em valores pessoais.
Sindicalista aguerrido, líder inconteste, conquistou espaço político. Carismático e comunicativo, soube valer-se de festejadas virtudes – inclusive a de torcedor corintiano e de apreciador de uma boa pinga – que facilitaram sua interação com o povo. Um perfil naturalmente incomum.
           Grandes empresários, banqueiros, investidores internacionais e mais grupos acostumados com o padrão FHC não conseguiam disfarçar sua apreensão.
           Afora outras manifestações estapafúrdias, o “eu tenho medo” foi tão bem encenado pela atriz Regina Duarte, que quase lhe valeu um prêmio.
           No afoito sorriso dos políticos adversários, era nítida a profecia de que “o povo não perde por esperar”. Todos presunçosos de que seriam reconvocados, quando muito em 2006. Sofreram nova frustração; Lula foi reeleito.
           De repente, lá se foram os oito anos de lulismo. O petista, que a tantos amedrontava, cumpriu democraticamente seu mandato, sem atropelar os princípios institucionais. Teve o bom senso de não alterar a política econômico- financeira, nem promover mudanças radicais que pudessem colocar em risco a estabilidade interna. Com sabedoria, preferiu apostar em ações populares, no que se deu bem.
           Crises aconteceram – as comuns a todos os governos – e foram habilmente contornadas. Os casos de corrupção tiveram ampla divulgação, mas espera-se que a mudança de governo não traga solução de continuidade na busca e punição dos culpados.
           Lula sairá de cabeça erguida, com a consciência do dever cumprido, deixando em seu lugar uma até agora fiel aliada.          
Sempre acreditando no “quem ri por último, ri melhor”, guardou para o final a gargalhada que pode durar outros quatro anos, ou mais. Jogada de mestre!