Texto para revista Mais Mais PERFIL de
out/2016
Por Etelmar Loureiro
Nas
eleições de 2012, Governador Valadares esteve prestes a se tornar a oitava
cidade mineira a ter segundo turno. No apagar das luzes, entretanto, conforme o
noticiário, a Justiça Eleitoral foi surpreendida por uma lista de valadarenses
mortos, no Brasil e no exterior, cerca de 550 pessoas. Isso fez com que o
número de eleitores, que já havia ultrapassado o piso, ficasse reduzido a pouco
menos dos 200 mil exigidos para que houvesse o “returno”. Especula-se que tudo
não passou de uma sorrateira e habilidosa manobra, ainda investigada pelo TRE.
Desta vez, não houve
espaço para “surpresas”. Atendidas as exigências legais, o segundo turno
estaria garantido em Valadares, se
necessário fosse.
O valadarense, contudo,
não se deixou seduzir por essa prerrogativa. Sem vacilo, preferiu liquidar a
fatura no primeiro turno.
A chapa encabeçada
por André Merlo (PSDB) obteve mais de 80% dos votos, derrotando, de forma
acachapante, suas três concorrentes. Entre elas a do candidato do governo
petista, que não passou de um humilhante penúltimo lugar, com apenas 7,39% dos
sufrágios.
Assim como em São Paulo e em outras grandes cidades brasileiras,
as eleições valadarenses tiveram um “quê” plebiscitário. Serviram para desnudar
a contrariedade, a decepção e a revolta da comunidade, com um governo que se
despede de forma melancólica, tendo vários de seus membros, ex-integrantes e
aliados envolvidos em cabeludos escândalos. Também na terra do “Mar de Lama”, o
pleito consolidou a decadência do Partido dos Trabalhadores. A traulitada sofrida pela legenda sepultou de
vez a falsa tese de que o seu alijamento do poder seria um desrespeito à
vontade popular.
De um momento para
outro, o panorama se modificou. Na fisionomia de um povo que tem acumulado
muitas frustrações e desenganos, percebe-se mais otimismo, mais disposição e
mais confiança.
Pela primeira vez em
sua história, Valadares estará sob o comando administrativo de um filho da
terra. Um graduado em engenharia que, aos 50 anos, detém respeitável currículo.
Entre outros antecedentes que o habilitam a ocupar a Prefeitura, convém lembrar
que foi presidente da União Ruralista Rio Doce (URRD), com elogiável
desempenho. Foi ainda subsecretário do Agronegócio (2013/2014), antes de assumir a
Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais,
onde permaneceu até o final do governo de Alberto Pinto Coelho. Em 2012,
concorreu à Prefeitura Municipal, conquistando o segundo lugar.
Some-se a essa bagagem a solidariedade
do seu vice, Dr. Luciano (de Oliveira e Silva), com quem demonstra total
entrosamento, e o presumível apoio que deverá receber dos 24 partidos políticos
que se coligaram em torno de sua eleição.
Fato é que André tem o que oferecer,
tem munição para a “guerra”. Isso é bom, pois, com certeza, a exigência sobre
ele terá a mesma amplitude dos problemas que há muito assolam o município.
Resta saber se os exigentes estarão também dispostos a contribuir para que o
melhor aconteça, e se têm consciência de que, além de torcer, é preciso participar.
As lideranças sociopolíticas, empresariais,
jurídicas e religiosas, as entidades de classe, a sociedade civil organizada,
enfim, toda a sociedade terá que pôr a mão na massa, sem medo de ser feliz.
Estão em jogo alguns dos sonhos que
André, na condição de valadarense nato e atuante, sempre acalentou em relação
aos que se sentaram na cadeira de prefeito. Sonhos dos quais se tornou fiel
depositário, com a missão de realizá-los. No resumo da ópera, ele passará a ser
cobrado, naquilo em que até agora era cobrador. Que tenha êxito!