Por Etelmar Loureiro
- Diário do Rio Doce - 18.07.2019
Por definição
histórica, os grandes líderes são aqueles que conseguem agregar mais gente
às suas ideias, induzindo de forma positiva o meio em que atuam, em busca de mudanças
e desenvolvimento. O seu êxito é a herança que eles constroem, enquanto exercem
a sua missão. De modo geral, são excelentes comunicadores, capazes de dar o
recado certo, ao público certo e na hora certa. De forma proativa, estimulam
uma luta constante por melhorias. Sua maior virtude é o autoconhecimento, que
lhes dá consciência de seus próprios atributos e limitações. Com esse
perfil, aos quais normalmente se somam a bravura, o desprendimento e a
autoridade, eles são pessoas que fazem a diferença.
Líderes existem aos milhares, maior parte com renome circunscrito a uma
determinada região ou a certo país, tipo Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek,
os brasileiros mais consagrados. Mas há também um enorme contingente de
personalidades cuja fama se estende mundo afora, tamanhas foram as
consequências da liderança que exerceram. É o caso dos sempre lembrados Mahatma
Gandhi, Napoleão Bonaparte, Franklin Roosevelt, Madre Teresa de Calcutá, Martin
Luther King, Mao Tsé-Tung, Abraham Lincoln, Adolf Hitler e vários outros, sem
falar em Jesus Cristo, que muitos consideram o maior de todos. Nessa galeria
sempre há espaço para mais personalidades que, no dia a dia, surpreendem o
mundo, pela grandiosidade de suas obras. Listas mais recentes incluem Steve
Jobs, Barack Obama, Margaret Thatcher, Walt Disney, Bill Gates, papa Francisco,
Donald Trump e até Kim Jong-un.
Em meio a todos esses, há alguém que é quase uma unanimidade universal, em
termos de reconhecimento e aplausos pela sua obra.
Falo de Nelson Rolihlahla Mandela, o homem que, após quase trinta anos de
prisão, conduziu seu país ao fim do “apartheid”, sistema de segregação da
população negra, que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1994, sob o comando
de uma minoria branca. Instituído pelo Partido Nacional da República da África
do Sul, o “apartheid” visava alcançar o desenvolvimento através do isolamento
político, econômico, social e territorial de diferentes "raças".
Nessa época, entre outros absurdos, só os brancos podiam votar, enquanto
proibia-se o casamento e as relações sexuais entre pessoas de diferentes raças.
Envolvido com o movimento de libertação promovido pelo partido Congresso
Nacional Africano (CNA), Mandela foi preso, em 1962, por traição e conspiração
contra do governo. No cárcere, tornou-se um símbolo da luta contra o
“apartheid”. De lá, conseguiu mostrar a importância de todos se unirem para a
construção de uma democracia, independentemente de posição política e racial.
Embora condenado à prisão perpétua, ele foi solto em 1990, por ordem do então
presidente, Frederik Willem de Klerk, quando recrudescia a luta civil naquela
área.
Libertado, com o seu país já em clima de distensão, Mandela começou a preparar
sua candidatura para as eleições presidenciais programadas para 1994. Fez
várias viagens ao exterior, cobrando de alguns governos, inclusive do
brasileiro, a manutenção das sanções comerciais à África do Sul, até que o
direito de voto fosse garantido também aos seus cidadãos negros. Esteve por
cinco dias no Brasil, pelo qual se disse “sufocado de tanto amor”. Com esse
sentimento, retornou em 1998, para uma visita oficial a Fernando Henrique
Cardoso.
A eleição de Mandela, em 1994, marcou o fim do “apartheid”. A transição foi
facilitada pelo então presidente Frederik de Klerk, com quem Mandela
compartilhou o Nobel da Paz recebido em 1993.
Acusado por seus críticos de ser um terrorista comunista, Mandela acabou sendo
mundialmente aplaudido por seu jeito dinâmico e humanitário de ser.
Não sem motivos, sob o consenso de 192 países membros, a Assembleia Geral da
ONU transformou o 18 de julho no Dia Internacional Nelson Mandela. Uma forma de
homenagear o aclamado herói sul-africano pela luta que travou contra as
crueldades impostas ao seu povo. A data é hoje. Um brinde à memória do grande
personagem!