domingo, 13 de fevereiro de 2011

OPOSIÇÃO FAZ DE CONTA (13.02.2011)

            É natural que um novo governo necessite de tempo para se ambientar, colocar ordem na casa, tomar pé da situação e melhor familiarizar-se com o poder.
            A presidente Dilma até poderia pular essa etapa, já que participou íntima e ativamente do governo a que dá continuidade. A rigor, não tem por que temer pegadinhas. Mas ela prefere manter a cautela própria dos iniciantes. Postura que torna compreensiva – às vezes preocupante – sua atuação pouco reluzente nesse começo de gestão.
            Inadmissível, entretanto, é a apatia da oposição parlamentar, centrada no PSDB e no DEM.
            No governo Lula, a mesma corrente teve inúmeras oportunidades de se mostrar forte, coesa e respeitada. Escândalos não faltaram, abrindo espaço para várias investidas contra o governo. Até o impeachment do presidente poderia ter sido pedido, na esteira do “mensalão”.
            Por desinteresse ou incompetência, nada foi feito como devia. Deu no que deu. Mais habilidoso melhor assessorado e sem adversários à altura, Lula nadou de braçadas. Negou acusações, driblou obstáculos, sustentou dois mandatos, ganhou a opinião pública e elegeu sua sucessora.
            Nada disso serviu de aprendizado para tucanos, democratas e outros pseudo adversários. Eles continuam posando de opositores, mas não são de brigas, nem poderiam ser. Pertencem a partidos apeados do poder que detiveram por longos anos. Pretender que sejam bravos adversários é ingenuidade. Melhor acreditar que José Sarney, Pedro Simon, Jorge Bornhausen e outros gananciosos políticos serão capazes de renunciar à polpuda aposentadoria vitalícia que recebem dos estados que um dia governaram.
            Chances já tiveram de mostrar a cara, como quando Dilma manteve a nomeação de dois ministros envolvidos em escândalos. Ou na época em que se noticiou o desvio de recursos públicos em Furnas e na Funasa. Afora outros que engoliram calados.
            Alimenta-se a esperança de que Aécio Neves consiga despertar a consciência cívica desses políticos e os liderar na contraposição ao governo.   
O senador mineiro desponta como um dos principais líderes políticos no novo Congresso, o mais indicado para essa árdua missão.
            Um dia antes de sua posse, assegurou que “os brasileiros podem contar com uma oposição vigorosa e vigilante em relação às ações do governo”. Não há sinais de que isso esteja acontecendo, mas Aécio merece crédito.
            Até o presidente do PT, José Eduardo Dutra, em recente entrevista, reconheceu que o tucano “tem toda capacidade de liderar a oposição”.
            O caso é que o neto de Tancredo também é visto como o virtual concorrente oposicionista no pleito de 2014. E isso acontece no momento em que PSDB e DEM parecem mais empenhados em definir desde logo o seu candidato, crentes de que fatura poderá ser antecipadamente liquidada.
            O governo fica livre e solto para agir como bem entender, enquanto seus adversários se esquecem de que nenhum jogo se ganha na véspera.

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