domingo, 12 de fevereiro de 2012

APATIA PREOCUPANTE

           Banalização é a conseqüência mais danosa e perversa dos
acontecimentos recorrentes. Gera indiferença em relação a contextos que, se
eventuais, certamente ensejariam reações firmes e contundentes.
           Ao vulgarizar os fatos, faz com que eles sejam logo esquecidos,
concorrendo para que erros e equívocos se repitam com impressionante
naturalidade.
           O fenômeno é observado na limpa que Dilma Rousseff vem
promovendo em seu ministério.
           Quando Antonio Palocci deixou a Casa Civil, o espanto foi
geral. O país não estava habituado à queda de figura tão notável, tida como
braço direito da presidente, logo no início do governo.
           Também surpreendeu a subsequente exoneração de Alfredo
Nascimento do Ministério dos Transportes, nem tanto pelas graves acusações
de que era alvo, mas por se tornar a segunda grande baixa naquele pouco
tempo.

           Logo a seguir o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi recebeu
o terceiro pontapé. Outra vez a atitude chamou a atenção pelo ineditismo e
por fazer supor que Dilma estava realmente empenhada em se livrar da
herança maldita.
           Daí pra frente, as atenções foram se dissipando e as freqüentes
substituições passaram a ser encaradas como as de um jogo amistoso de
veteranos pernas-de-pau. Até porque não produziram resultados práticos. Não
se viu retorno dos valores desviados, nem punições de contraventores. Pelo
contrário, encenadas as formalidades de bota-fora, os ejetados tomaram os
rumos que melhor lhes convinham, deixando sucessores que mais denotam uma
troca de seis por meia dúzia.
           O recente tombo de Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades,
repercutiu menos que um “paredão” do Big Brother Brasil. Exceto para o
ex-pugilista Acelino Popó de Freitas que, como suplente, ocupava pródiga
vaga na Câmara dos Deputados; perdeu a boca.
           O desinteresse da massa tem sido notado para com as mudanças ministeriais e
outros temas relevantes. Que o digam as prometidas reformas institucionais!
           Percebendo que sua opinião tem pesado pouco ou nada nas decisões
governamentais – hoje sujeitas aos caprichos e interesses dos partidos
políticos entre os quais o Poder foi rateado – o cidadão comum resolveu
jogar a toalha. Rendeu-se a uma apatia preocupante, sintomática de que
aumenta a distância entre povo e governo.
           Motivação pública não resulta de decreto, depende de ações envolventes,
efetivas, oportunas e de alcance popular.
           O brasileiro é influenciável e participativo.  Só não quer cumplicidade com
erros que se repetem em nome de acertos que nunca acontecem; seria muito
vulgar!

Um comentário:

  1. Pai, excelente artigo !!!! Isto é fato, sim !!! A dança das cadeiras do Executivo não contribui em nada na vida do brasileiro padrão, que acorda muito cedo e rala o dia todo, e no fim do mês recebe o que utiliza pra pagar as prioridades, porque o que sobra em débito é supérfulo .. Pena que não existe nada, nada que a gente possa fazer pra mudar.

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