domingo, 29 de setembro de 2013

REAÇÕES ADVERSAS

            É realmente árdua, complexa e inglória a tarefa de governar.
Por mais que o mandatário se esforce, não consegue agradar a gregos e troianos.  Suas decisões e atitudes estão sempre sujeitas a divergentes avaliações e a não menos distintas reações.
O que para uns representa firmeza, determinação e heroísmo, para outros não passa de exibicionismo, insegurança ou bravata.
Vaia-se, quando normal seria aplaudir; absolve-se, quando o certo era condenar, ou faz-se simplesmente o contrário, tudo em função de interesses próprios nem sempre confessáveis.
Foi o que ocorreu com a atuação de Dilma Rousseff, na 68º Assembléia Geral da ONU.
No discurso de abertura do evento, a presidente deu um forte puxão de orelhas em Barack Obama. Em tom enérgico, acusou os EUA de, com seus programas de espionagem, praticarem ação ilegal e antidemocrática, violando o Direito Internacional, os direitos humanos, a soberania dos países e as liberdades civis.
Para o The Guardian, jornal britânico que publicou as primeiras revelações do escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana, o “feroz” discurso de Dilma representou um desafio direto a Obama.
Internamente, a presidente foi elogiada até por políticos da oposição. O senador Álvaro Dias (PSDB/PR), por exemplo, achou que ela agiu corretamente, embora, não baste falar sem adotar procedimentos concretos.
Também o líder do DEM, José Agripino (RN), elogiou o tom enérgico do discurso, mesmo acreditando que Dilma atuou apenas na superfície, apegada a orientação de marqueteiros.
Já o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE) classificou como altamente decepcionante, fraco e ridículo o pronunciamento.
Outro a reprovar foi o deputado Ronaldo Caiado (DEM/GO). No seu entendimento, “a postura dela está mais midiática e eleitoreira do que de defesa do país”.
Conhecedor de buracos de fechaduras, binóculos, periscópios, olheiros, detetives particulares, fiscais da receita, outros meios e agentes de espreita, o povo também ficou dividido, mas não deu muita bola. Sabe que a espionagem é tão velha quanto a desconfiança entre homem e mulher. Fatores supervenientes apenas contribuíram para aumentar a indiscrição. Pelo visto, o verbo espionar continuará sendo conjugado em todos os seus tempos e pessoas. Doa em quem doer!
Resta lamentar que Obama, sabedor de tantos segredos da vida brasileira, ainda não tenha revelado onde estão Elisa Samúdio e Amarildo. Bom enredo para um novo 007. 

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