Por mais que o mandatário
se esforce, não consegue agradar a gregos e troianos. Suas decisões e atitudes estão sempre
sujeitas a divergentes avaliações e a não menos distintas reações.
O que para uns
representa firmeza, determinação e heroísmo, para outros não passa de
exibicionismo, insegurança ou bravata.
Vaia-se, quando
normal seria aplaudir; absolve-se, quando o certo era condenar, ou faz-se simplesmente
o contrário, tudo em função de interesses próprios nem sempre confessáveis.
Foi o que ocorreu com
a atuação de Dilma Rousseff, na 68º Assembléia Geral da ONU.
No discurso de abertura
do evento, a presidente deu um forte puxão de orelhas em Barack Obama. Em tom
enérgico, acusou os EUA de, com seus programas de espionagem, praticarem ação
ilegal e antidemocrática, violando o Direito Internacional, os direitos
humanos, a soberania dos países e as liberdades civis.
Para o The Guardian,
jornal britânico que publicou as primeiras revelações do escândalo de
espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana, o “feroz” discurso
de Dilma representou um desafio direto a Obama.
Internamente, a
presidente foi elogiada até por políticos da oposição. O senador Álvaro Dias
(PSDB/PR), por exemplo, achou que ela agiu corretamente, embora, não baste
falar sem adotar procedimentos concretos.
Também o líder do DEM,
José Agripino (RN), elogiou o tom enérgico do discurso, mesmo acreditando que
Dilma atuou apenas na superfície, apegada a orientação de marqueteiros.
Já o senador Jarbas
Vasconcelos (PMDB/PE) classificou como altamente decepcionante, fraco e
ridículo o pronunciamento.
Outro a reprovar foi
o deputado Ronaldo Caiado (DEM/GO). No seu entendimento, “a postura dela está mais
midiática e eleitoreira do que de defesa do país”.
Conhecedor de buracos
de fechaduras, binóculos, periscópios, olheiros, detetives particulares,
fiscais da receita, outros meios e agentes de espreita, o povo também ficou
dividido, mas não deu muita bola. Sabe que a espionagem é tão velha quanto a
desconfiança entre homem e mulher. Fatores supervenientes apenas contribuíram
para aumentar a indiscrição. Pelo visto, o verbo espionar continuará sendo
conjugado em todos os seus tempos e pessoas. Doa em quem doer!
Resta lamentar que
Obama, sabedor de tantos segredos da vida brasileira, ainda não tenha revelado
onde estão Elisa Samúdio e Amarildo. Bom enredo para um novo 007.
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