Em coletiva
concedida no encerramento do encontro, falou que "eu não concordo com
políticas de combate à inflação que olhem a questão do crescimento econômico,
até porque temos uma contraprova dada pela realidade: tivemos um baixo
crescimento no ano passado e um aumento da inflação, porque houve um choque de
oferta devido à crise e fatores externos".
Disse não apoiar políticas de controle
inflacionário que sacrifiquem o crescimento. “Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença é
complicado, entende? Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está
datado, isso eu acho que é uma política superada”, sentenciou.
A presidente ressalvou, entretanto, que o governo está vigilante, acompanhando
diuturnamente a conduta da inflação. Segundo ela, “nós não achamos que a
inflação está fora de controle, pelo contrário, achamos que ela está controlada
e o que há são alterações e flutuações conjunturais. Mas nós estaremos sempre atentos.”
As palavras de Dilma foram entendidas como sinal de que a inflação não será
contida na base de aumento da taxa juros, pelo menos por enquanto. Para os
analistas especializados, isso mostrou um BACEN fragilizado, sem autonomia para
atuar no controle da inflação. As consequências foram desastrosas, refletindo
na Bovespa, na BM&F e em outros ambientes do mercado financeiro.
Na contraofensiva, a presidente declarou que seus comentários tiveram
interpretação equivocada. “Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O
combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo”,
afiançou.
Se Dilma falou ou deixou de falar, se foi mal interpretada, se distorceram suas palavras, isso é
irrelevante para o povão. A esse interessa a realidade dos fatos, a forma como
os preços estão se comportando; o resto é balela.
Na sua maioria, os brasileiros são assalariados. Vivem sob regime
contingenciado, onde o que ganham quase munca é suficiente para fazer face às
necessidades próprias e familiares. Quaisquer aumentos de despesas provocam
sérios desequilíbrios orçamentários.
Os índices divulgados mostram inflação em torno de sete por cento, nos
últimos doze meses. Mas quem tira a grana do próprio bolso, sem usufruir das mordomias
oficiais, sabe que isso não é verdade. Alimentação e transporte, habitação,
vestuário, educação, planos de saúde, medicamentos, despesas pessoais, serviços
públicos essenciais, impostos e outros itens imprescindíveis subiram muito mais
que os salários. Basta observar os preços de hortaliças e legumes, com alta
média de 80%, a maior desde 1999.
Não adianta, pois, o governo insistir na tentativa de escamotear o
crescimento inflacionário, como se quisesse tapar o sol com peneira. Mesmo sem
colocar todas as patas nos ombros de suas vítimas, o “velho dragão” já exala um
hálito inconfundível e insuportável.
Caso a presidente Dilma queira de fato conciliar desenvolvimento com inflação
baixa, o jeito é tornar o governo mais eficiente, gastar menos e melhor aplicar
os extorsivos impostos que arrecada. E com austeridade incutir nos brasileiros
a idéia defendida pelo mestre Mário Henrique Simonsen, segundo a qual "toda sociedade tem a
inflação que merece". Fechado!
Jornal de Domingo e Diário do Rio Doce de 07.04.2013
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