A última semana foi
pródiga em acontecimentos bombásticos:
Lula reapareceu, em grande estilo, dizendo que “eu comecei fazendo política no
PT e, se Deus quiser, vai demorar muito, mas vou morrer fazendo política pelo
PT”; no Reino Unido, nasceu George Alexander, filho do príncipe William e de
sua mulher, Kate Middleton; em Belo Horizonte, o Clube Atlético Mineiro
conquistou, com méritos, a Copa Libertadores, pondo fim a um carma de
incapacidade para o que conseguiu; atípicas e intensas geadas cobriram o sul do
país, fazendo a alegra de milhares de turistas, sem falar no lamentável
acidente ferroviário em Santiago de Compostela/Espanha, responsável por cerca
de 80 mortes. Mas nada suplantou visita do Papa Francisco.
Prestigiada por
milhares de fiéis, sua chegada ao Brasil, na última segunda-feira, foi saudada
de forma impressionante, tanto quanto têm sido a reverência e os aplausos que a
ele são dedicados nos muitos eventos de que participa.
Já na sua primeira
manifestação pública, Francisco ganhou a simpatia geral, ao dizer que “peço
licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem
prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!”.
Ao longo de sua
caminhada por terras brasileiras, mostra-se extremamente solícito e atencioso
com a multidão que o cerca, não poupando sorrisos e gestos de carinho que a
todos empolgam.
Sem prejuízo do
caráter evangelizador de sua missão, consegue abordar temas polêmicos, com
absoluta sabedoria e genialidade.
Na comunidade de
Varginha, integrante do Complexo de Manguinhos, fez seu discurso mais político: pediu aos jovens empenho no combate à
corrupção, censurou os políticos que atuam em causa própria, rotulou de
inaceitável a desigualdade social e econômica, além de reconhecer o esforço da
sociedade brasileira em combater a fome e a miséria.
Visitando no Rio o Hospital
São Francisco de Assis, que trata de dependentes químicos, investiu contra os
projetos de liberalização das drogas na América Latina e acusou traficantes de
serem os "mercadores da morte".
Mas nem tudo é
seriedade e rigidez. A visita inclui momentos hilários e descontraídos. Alguns
provocados pelo próprio Papa, como quando ele falou que gostaria de bater à
porta de cada casa brasileira para “dizer bom dia, pedir um copo de água
fresca, beber um cafezinho. Não um copo de cachaça”.
Sem deixar por menos,
os internautas têm contribuído com charges e histórias bem humoradas. Uma delas
aponta alguns milagres de Sua Santidade, na temporada carioca: andou de carro no Rio, de janela
aberta, e não foi assaltado; fez o
povo brasileiro aplaudir um argentino; caminhou no meio da polícia do Rio e não
apanhou; encontrou-se com Renan
Calheiros e não foi acusado de nada;
esteve com o governador e não gritou “Cadê Amarildo?”; ficou engarrafado no Rio e não apareceu nenhum flanelinha; usou saia em Copacabana e não levou
cantada.
Tão logo chegou ao
Rio, o papa Francisco mostrou saber muito bem como conquistar o afeto de nossa
população: "Descobri que para ser recebido no Brasil é preciso entrar no
portal do coração deste povo". Entrou!
* Jornal de Domingo
* Diário do Rio Doce
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